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Brasil Em livro, o ex-ministro José Dirceu usou memórias para fazer acerto de contas com Lula e o PT

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Para o ex-ministro, o PT "se afastou do dia a dia do povo" quando esteve no poder. (Foto: Divulgação)

Ao fazer um balanço de sua passagem pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, perto do fim do primeiro volume de suas memórias, José Dirceu afirma que seu papel principal ali era representar o PT, acima de qualquer outro interesse.

“Nos 30 meses em que permaneci no governo, sempre me coloquei na posição de petista”, escreveu. “Sabia da expectativa e da minha responsabilidade com os petistas e, mais do que com eles, com os eleitores do PT e de Lula.”

O livro ajuda pouco a esclarecer o período em que eles exerceram o poder lado a lado, mas é cheio de recados para o partido. É ao PT que Dirceu se dirige ao rever sua trajetória e sua relação com Lula, hoje preso em Curitiba e impedido pela Justiça de concorrer novamente à Presidência.

Aos 72 anos, condenado a 34 anos e 6 meses de prisão por crimes investigados pela Operação Lava-Jato, Dirceu escreveu a maior parte do livro quando estava na cadeia cumprindo pena. Sua mulher, Simone, digitou o texto depois.

Libertado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em junho, Dirceu iniciou na terça-feira (04) no Rio uma caravana para divulgar as memórias. Ele planeja eventos de lançamento do livro em 12 capitais até outubro – o último está previsto para dias antes do primeiro turno da eleição presidencial.

Dirceu assumiu a chefia da Casa Civil em 2003, com a chegada de Lula ao poder, e deixou o Palácio do Planalto em junho de 2005, depois da revelação de seu envolvimento com o escândalo do mensalão.

Principal articulador político do presidente e responsável pela coordenação dos vários ministérios, Dirceu caiu em desgraça quando a descoberta do esquema montado pelo PT para comprar o apoio dos partidos que sustentavam o governo colocou em risco o mandato de Lula.

Mas o leitor que buscar nas memórias informações sobre seu envolvimento com o mensalão ficará frustrado. Dirceu insiste que não tinha nada a ver com o que seus aliados no partido faziam enquanto ele ajudava Lula a governar.

Ele se descreve como um auxiliar leal, mas não faltam demonstrações de mágoa e ressentimento. Impedido de discursar na comemoração da vitória de Lula em 2002, ele diz que pensou em se retirar e conta que depois precisou esperar 40 dias até o presidente eleito definir a posição que ocuparia no novo governo.

Dirceu lamenta o tratamento recebido de Lula quando concluiu que sua permanência na Casa Civil era insustentável, na crise do mensalão. “Não me pediu para ficar, não me propôs nenhuma outra tarefa, simplesmente me demitiu”, diz. “Foi melancólico.”

O petista afirma que se sentiu abandonado pelo governo e pelo próprio PT ao voltar à Câmara, que cassou seu mandato de deputado federal no fim de 2005. “Fui abandonado à minha própria sorte”, diz.

Dirceu nomeia no livro todos os integrantes de seu partido que apoiaram a CPI dos Correios, que investigou o escândalo, acusa desafetos no PT de aproveitar a crise para ganhar espaço e diz que 12 deputados petistas votaram em segredo pela sua cassação. Em 2012, os ministros do STF concluíram que Dirceu era o chefe do mensalão e o condenaram a mais de 7 anos de prisão por corrupção. Ele ficou um ano na cadeia e teve a pena extinta no fim de 2015.

Dirceu também opina sobre os integrantes do Supremo no livro. Diz que participou das articulações que levaram à indicação de três dos atuais ministros, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, que foi seu ex-assessor e assumirá a presidência na próxima semana, e Luiz Fux.

Ele estava longe do governo quando Fux chegou ao tribunal, nomeado por Dilma Rousseff, mas promete falar dele no segundo volume das memórias: “Um ‘case’ de como erramos e feio nas indicações, ao ponto de sermos enganados por um charlatão togado.”

Dirceu afirma que já começou a escrever o próximo livro e promete lançá-lo em 2019. Ele anuncia que fará um balanço do governo Dilma e do processo de impeachment, da Lava-Jato e de suas relações com empreiteiras e fornecedores da Petrobras, para quem afirma ter prestado “legítimo trabalho de consultoria”.

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