Por Redação O Sul | 7 de junho de 2025
A forte neblina que atingiu Porto Alegre na manhã desse sábado (7) afetou a movimentação de aviões no Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Zona Norte. Entre o início da madrugada e o final da manhã, 23 chegadas ou partidas sofreram atraso, uma decolagem com destino a São Paulo foi cancelada e dois pousos na capital gaúchas necessitaram de desvio para Florianópolis (SC) e Curitiba (PR).
“Desde a madrugada, as condições restritas de visibilidade estiveram abaixo do mínimo necessário para pousos ou decolagens, mesmo com os equipamentos de auxílio disponíveis”, informou a empresa Fraport Brasil, concessionária do terminal.
De acordo com a empresa Metsul Meteorologia, o nevoeiro no Salgado Filho durou quatro horas e meia, desde o final da madrugada até o começo da manhã desta quinta. O primeiro registro se deu às 4h e o último às 8h29min.
“O que chamou a atenção foi a densidade do nevoeiro para outubro”, ressalta o site metsul.com. “No momento de maior restrição da visibilidade horizontal, essa densidade desceu a somente 150 metros no aeródromo, como nos dias de nevoeiro mais denso do outono e do inverno.”
Ainda conforme a empresa, dados apontaram visibilidade de 500 metros às 4h depois de 4 mil metros às 4h, de 150 metros às 6h e novamente às 7h da manhã, de 400 metros às 8h e, finalmente, 900 metros às 8h17min. Na sequência, a condição passou de nevoeiro para neblina no momento em que a visibilidade horizontou superou mil metros.
O fenômeno também foi observado em outras cidades da Região Metropolitana. Na base aérea de Canoas, o boletim meteorológico das 6h já indicava nevoeiro com visibilidade de apenas 300 metros e que se mantinha às 7h. Já às 8h, a visibilidade havia subido para 900 metros. No informe das 9h, a condição não era mais de nevoeiro e sim de neblina com 1.500 metros de visibilidade.
Nevoeiro incomum
A Metsul acrescenta que a região de Porto Alegre é possivelmente uma das áreas mais propensas a nevoeiros no Brasil, devido a razões de natureza geográfica. Além de estar no Sul do mapa brasileiro, onde a atuação do ar frio favorece uma maior ocorrência do fenômeno, a cidade é cercada por vários rios e tem ainda o lago Guaíba, além de estar ao norte da Lagoa dos Patos.
“A presença de rios ainda faz com que a região de Porto Alegre seja utilizada na plantação de arroz, o que faz com que muitas áreas ao redor da cidade sejam alagadiças e de banhados”, prossegue. “O que não falta é umidade em superfície que, combinada ao resfriamento noturno nos meses mais frios do ano, acaba causando muitos dias de neblina e nevoeiro.”
Causas do fenômeno
Quando o ar é resfriado pela perda noturna de radiação, surgem as condições favoráveis para a formação de bancos de nevoeiro junto aos rios, especialmente em vales, tal como nevoeiro de vapor sobre os mananciais d’água. Essas ocorrências são comuns no outono, quando a água ainda está mais quente e o ar já está sendo resfriado.
As noites ficam mais frias, a temperatura cai mais, e as águas quentes trocam umidade com a camada de ar frio que está logo acima da superfície. A frequência deste tipo de nevoeiro é, em especial, frequente com vales cortados por rios. As moléculas do manancial de água estão sempre evaporando, levando umidade para o ar.
Quanto mais quentes as águas, maior a evaporação e maior a presença de umidade no ar. Se uma noite fria e de céu claro é registrada, aproximando-se a temperatura do ponto de orvalho, o nevoeiro começa a se formar e neste tipo de situação, em regra, é raso, o que permite ver até o topo dos prédios mais altos.
No caso desse sábado, um centro de alta pressão garantia estabilidade atmosférica na madrugada desta quinta-feira. Com a umidade alta resultante da chuva e garoa de ontem, a abertura do tempo com escassa nebulosidade na madrugada favoreceu queda de temperatura e proporcionou a formação da cerração na capital.
(Marcello Campos)
