Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2024
O primeiro debate da corrida à Casa Branca deste ano se converteu em uma longa troca de ataques pessoais entre o presidente Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump. Enquanto Trump pareceu se sair melhor nas perguntas sobre os temas que mais prejudicam Biden, como imigração e economia, patinou em questões sobre defesa da democracia e suas condenações criminais. Biden demonstrou fragilidade e nervosismo, aumentando temores relacionados a sua idade, com hesitações e paradas durante a fala.
O debate realizado pela CNN em Atlanta, na Geórgia, foi o que ocorreu mais cedo no calendário eleitoral da história americana, marcado antes mesmo de ambos serem proclamados oficialmente os candidatos de seus partidos, nas convenções de julho e agosto.
Diferentemente do cenário caótico do primeiro debate de 2020, cada um permaneceu comedido ao defender seu histórico e culpar o outro por desviar o País dos trilhos. As primeiras perguntas abordaram principalmente inflação, imigração e o direito ao aborto.
Biden parecia trêmulo no início, sua voz estava rouca e suas respostas às vezes vacilavam. Ele cometeu vários erros verbais nos minutos iniciais e ao longo do debate chegou a trocar o nome do líder russo, Vladimir Putin, pelo de Trump. Suas respostas ficaram mais afiadas conforme o debate progrediu.
“A inflação está matando o nosso País”, disse Trump a Biden. A economia é um dos temas centrais da campanha eleitoral e com a migração são os temas favoritos do republicano.
“Gostaria de perguntar por que permitir que milhões de pessoas venham para cá, de prisões, de cárceres e instituições mentais, para destruir nosso País”, disse o republicano, acusando o democrata de “abrir os braços para os imigrantes entrarem ilegalmente no País”. “Isso não é verdade. Não há dados que respaldem o que disse. Está mentindo”, disse Biden. O presidente aproveitou para lembrar da declaração de seu rival, que acusou imigrantes, muitos deles latino-americanos, de “envenenar o sangue” do País.
Biden, de 81 anos, entrou no debate com a preocupação de tranquilizar os eleitores de que é capaz de guiar os EUA por mais quatro anos. Trump, de 78 anos, tinha a oportunidade de tentar superar sua condenação por crime grave em Nova York e convencer uma audiência de dezenas de milhões – amplamente insatisfeita com ambos, de acordo com as pesquisas – de que ele é mais adequado ao cargo.
Em um momento do encontro, Biden revidou um ataque de Trump, que tentou colocá-lo como criminoso. “A única pessoa no palco que é um criminoso condenado é o homem para quem estou olhando agora”, disse ele. Trump aproveitou para voltar à tese de que sua condenação é fruto de um sistema corrupto usado para persegui-lo e tirá-lo da campanha. Trump disse que Biden poderá ser condenado e preso ao deixar a Casa Branca, por causa da suposta perseguição de rivais políticos.
Biden lembrou das acusações de Trump e disse que nunca nenhum presidente americano foi condenado por crimes, ou fez sexo com atrizes pornôs. “Eu não fiz sexo com uma estrela pornô”, respondeu o republicano. Questionado se aceitaria uma derrota, Trump se recusou a dizer que acataria incondicionalmente o resultado das eleições.
Política externa
Em outro momento, Trump atacou Biden por dar à Ucrânia centenas de bilhões de dólares e afirmou que seria capaz de acabar com a guerra da Rússia. Biden argumentou que Trump encorajou Putin e que, se ele vencer, a Rússia estenderá sua guerra para a Europa e além.
Sobre Israel, Trump foi cauteloso quando questionado se apoiaria um Estado palestino, mas criticou Biden por tentar, segundo ele, impedir Israel de vencer a guerra contra o Hamas, dizendo que o presidente agora era “como um palestino”. Biden proclamou seu apoio a Israel e expôs seu plano para acabar com a guerra.
O debate expôs as visões nitidamente diferentes sobre praticamente todas as questões centrais. Para analistas e a imprensa americana, Biden demonstrou dificuldade de se defender dos ataques. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.