Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2021
Em uma telefonema de 90 minutos nesta sexta-feira (10), o presidente norte-americano Joe Biden teve a sua segunda à distância com o colega chinês Xi Jinping desde que chegou à Casa Branca, em janeiro. Os líderes das duas maiores potências globais concordaram em agir para evitar que as tensões bilaterais se transformem em um confronto aberto.
Segundo nota divulgada pela Casa Branca, a ligação foi iniciada por Biden e concentrada no futuro da relação entre os governos de Washington e Pequim, marcada por uma guerra comercial e por disputas em frentes tecnológicas, militares, territoriais e até sobre a origem do coronavírus.
“Foi discutida a responsabilidade de ambas as nações de garantir que a competição não se transforme em conflito”, sublinhou o comunicado, com Biden ressaltando “interesse permanente dos Estados Unidos na paz, estabilidade e prosperidade na Ásia”.
Ainda de acordo com a nota, “os dois líderes tiveram uma discussão ampla e estratégica na qual discutiram áreas em que nossos interesses convergem, e áreas nas quais nossos interesses, valores e perspectivas divergem. Eles concordaram em se engajar em ambas as questões aberta e diretamente”.
Posicionamento
Em seus quase oito meses no poder, o democrata manteve a posição combativa de seu antecessor, Donald Trump, diante do gigante asiático, e conversas entre representantes de ambos os lados não tiveram progresso significativo.
O governo Biden, no entanto, sinalizou que ainda está revisando sua política relacionada à China, incluindo como proceder em relação aos US$ 300 bilhões em tarifas impostas a importações chinesas por Trump e à continuidade do acordo firmado no ano passado, pelo qual Pequim concordou em aumentar suas importações de produtos americanos.
Conforme um funcionário de Washington, o processo poderá ser concluído em breve, otimismo que fez com que o yuan tivesse seu melhor desempenho em quase três meses e com que os principais índices de Wall Sreet abrissem em alta nesta sexta.
Já de acordo com o canal estatal chinês CCTV, Xi disse para a Biden que a “política adotada pelos Estados Unidos para a China há algum tempo causa sérias dificuldades” nas relações bilaterais. “Pequim está pronta para cooperar em assuntos que vão da economia ao aquecimento global, mas isto deve ser feito “respeitando as preocupações principais de cada um”.
“O mundo vai se beneficiar se a China e os Estados Unidos cooperarem. Mas vai sofrer se a China e os Estados Unidos entrarem em confronto”, teria dito o presidente chinês. A imprensa asiática mencionou terem sido discutidos assuntos econômicos, sanitários e climáticos.
Retomada das conversas
Xi também enfatizou ser necessário que os dois países ponham as relações “novamente no caminho certo” o “mais rápido possível”, afirmando que a construção de bons laços não é “uma questão de múltipla escolha”, mas sim “obrigatória”.
De acordo com os chineses, ambos os lados concordaram que a comunicação frequente entre os chefes de Estado é importante e que aumentarão “a coordenação e o diálogo para criar condições para o desenvolvimento das relações sino-americanas”. Os americanos, contudo, não deixaram claro nenhum compromisso sobre contatos futuros.
“É possível que nós vejamos a retomada das conversas comerciais e militares entre os dois lados até o fim do ano”, avaliou o pesquisador Lu Xiang, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em entrevista ao jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Ele afirmou que a iniciativa americana de telefonar para Xi retrata a pressão que a Casa Branca vem sofrendo da comunidade empresarial americana para se engajar com Pequim.
O governo chinês informou ainda que a situação de Taiwan, considerada uma província rebelde por Pequim, foi discutida, e que os EUA estariam comprometidos com o princípio de uma única China, que norteou o restabelecimento das relações bilaterais nos anos 1970.
Apesar de não manter relações diplomáticas formais com Taipé, Washington intensifica seus elos com a ilha, fazendo declarações públicas de apoio a seu governo e vendendo bilhões de dólares em armas e equipamentos militares.
De acordo com os americanos, Biden aproveitou a oportunidade para explicar a intenção por trás de algumas ações americanas interpretadas como ataques contra a China.