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Mundo Em última visita à Rússia como líder da Alemanha, Angela Merkel defende o diálogo com Vladimir Putin

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A alemã foi recebida na sede do governo russo pelo próprio Vladimir Putin, que a esperava com um buquê de flores. (Foto: Reprodução)

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, encontrou-se com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pela última vez antes de deixar o poder, nos próximos meses. É a última viagem dela a Moscou antes das eleições alemãs. A viagem ocorre exatamente um ano depois do envenenamento, atribuído às autoridades russas, do opositor Alexei Navalny, que foi atendido e tratado na Alemanha, mas voltou para a Rússia, onde foi preso.

Depois de depositar uma oferenda de flores no túmulo do soldado desconhecido em Moscou, a líder alemã foi recebida na sede do governo russo pelo próprio Vladimir Putin, que a esperava com um buquê de flores.

“Embora tenhamos profundas divergências, conversamos. E isso deve continuar assim”, disse Merkel, que em seus 16 anos de mandato manteve uma relação complexa e ambígua com o presidente russo.

Merkel afirmou que havia muitas questões para tratar durante o encontro, como a situação no Afeganistão ou as relações bilaterais, mas não mencionou o caso de Navalny.

Putin disse que não foi simplesmente uma visita de adeus, mas, sim, um encontro “sério” entre dois veteranos da política europeia, porque “muitas questões devem ser discutidas”.

Merkel, que fala russo e cresceu na Alemanha Oriental, e Putin, que fala alemão pelos seus anos de serviço na KGB na Alemanha Oriental, sempre reivindicaram ter estabelecido uma verdadeira relação de trabalho, apesar de suas diferenças.

Desde 2005, quando a chanceler chegou ao poder, eles discutiram arduamente ou com ironia sobre muitos temas, desde a Síria até Ucrânia ou Belarus, passando pelos ciberataques atribuídos por Berlim a Moscou ou o envenenamento de Navalny.

No entanto, o diálogo nunca foi completamente interrompido entre esses dois veteranos do cenário internacional.

Afeganistão

Rússia e Alemanha mantêm posicionamentos diferentes sobre o Afeganistão. Merkel considerou a situação “amarga, dramática e terrível”. Já o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou na terça-feira que os talibãs enviaram sinais “positivos” sobre a liberdade de opinião.

Nesta 20ª viagem oficial à Rússia, Merkel encerra a relação com a constatação do fracasso em um assunto que estabeleceu como prioridade: a resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia, que está em ponto morto. A chanceler alemã viajará no domingo para Kiev, onde se reunirá com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski.

Tensão

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia, que se estende desde 2014, quando os russos tomaram a Crimeia, vinha ganhando força com uma repentina concentração militar russa nas proximidades da fronteira com o país vizinho, em abril.

Segundo os EUA, o número de tropas russas na fronteira com a Ucrânia estava em seu nível mais alto desde 2014. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou sua preocupação na época e pediu para que o russo Vladimir Putin reduzisse as tensões na região.

“O que a Rússia quer, de fato, é retomar a Ucrânia para o país voltar a ser a ‘grande Rússia’ — ideia imperialista que vem desde o século 19. Eles acreditam que o Ocidente é decadente e que os grandes ideais da humanidade se concentram no Oriente”, afirma o sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gustavo Lacerda.

Para Lacerda, se o conflito aumentar ainda mais, a Rússia poderia tomar Donbass, da mesma forma como ocorreu com a Crimeia. Outro possível desdobramento seria a Rússia ser barrada pelo guarda-chuva nuclear da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), da qual fazem parte os Estados Unidos e outros 29 países, muitos deles membros da União Europeia.

“O interesse da Rússia na Ucrânia se deve a uma série de elementos. O país domina o Mar Negro, região estratégica do ponto de vista político-geográfico, tem a base naval de Sebastopol, a única capaz de acolher e dar logística à completa frota de navios da Rússia no Mar Negro.”

EUA x Rússia

Em diversos momentos da história, um conflito localizado resulta em consequência e envolvimento de nações pelo mundo — como foi o caso da Primeira Guerra Mundial, que começou com uma disputa pelos Bálcãs, região da Europa, e evoluiu para uma guerra devido ao sistema de alianças entre os envolvidos.

Para o professor da UFPR, no caso específico de um conflito entre a Rússia e os Estados Unidos, o risco de uma guerra entre as duas potencias é baixo. Por outro lado, Lacerda acredita que há uma ameaça concreta de o conflito entre a população de Kiev e os russos étnicos separatistas resultar em uma guerra civil na Ucrânia.

“Acredito que o conflito poderia evoluir para algo semelhante ao que aconteceu na Alemanha durante a Guerra Fria, quando o país foi dividido entre as potências aliadas e a União Soviética. Enquanto a Alemanha Oriental estava sob influência socialista soviética, a parte ocidental vivia sob a órbita capitalista e americana”, diz.

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