Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de abril de 2018
O número de microgeradores de energia solar cresceu 407% no Brasil em 2016, na comparação com o ano anterior, de acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Essa expansão acentuada aconteceu principalmente em residências (80%). Para 2024, o órgão projeta que o País terá quase 890 mil unidades consumidoras que receberão créditos dessa energia, totalizando uma potência instalada de aproximadamente 3,2 gigawatts.
Em termos globais, o investimento nessa fonte alternativa bateu recorde no ano passado, com um uso 18% maior que no ano anterior, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas. Também recebeu mais investimentos que qualquer outro tipo de fonte energética: ao todo, foram mais de US$ 160,8 bilhões para o segmento, conforme um relatório oficial publicado pelo órgão neste mês.
O Brasil apresenta uma incidência solar de 5,4 quilowatt-hora por metro quadrado – mais do que países como Estados Unidos, China e Alemanha, por exemplo. Já no que se refere à capacidade instalada de geração fotovoltaica, o Brasil tem apenas um gigawatt (na China esse desempenho é de 130 gigawatts). No entanto, esse cenário nacional já sinaliza que está se revertendo.
O crescimento é justificado principalmente pelo barateamento dos painéis. Não por acaso, diversas companhias do setor estão investindo ainda mais. Uma delas é a distribuidora Celesc: com o Projeto Bônus Fotovoltaico, a empresa contemplou 1,25 mil residências no Estado de Santa Catarina com um subsídio parcial para a instalação de sistemas fotovoltaicos.
A ideia do projeto, de acordo com o gerente do Departamento de Engenharia e Planejamento do Sistema Elétrico, Marco Aurélio Gianesini, era reduzir o consumo de energia elétrica dos consumidores, ampliar a utilização de energia renovável e criar expertise em um novo mercado que está se fortalecendo.
“Para a distribuidora, precisávamos aprender um pouco da tecnologia, do ponto de vista operacional, dialoga com nossos valores de sustentabilidade e também dá oportunidade de criação de novos negócios. Esse mercado vai crescer muito nos próximos 10 e 15 anos, e temos interesse em conhecer a fundo”, relata.
Com o subsídio, os preços do sistema, que geralmente giram em torno de R$ 20 mil, caíram para R$ 6,68 mil para cada consumidor. No total, o investimento chegou a R$ 17 milhões (R$ 11,3 milhões provenientes do Programa de Eficiência Energética da Celesc em parceria com a Aneel.
As instalações começaram em abril do ano passado e foram finalizadas em dezembro, sendo constantemente monitoradas pela Celesc e pela empresa especialmente contratada para o projeto, a Engie.
“Quando fazemos um cálculo rápido de viabilidade para o consumidor que pagou esse sistema, olhando a quantia de energia que vai gerar de crédito na conta de luz, o que significa a redução da fatura, o investimento é compensado em três anos. E o equipamento tem vida útil de 25 anos: ou seja, por 22 anos, eles apenas usufrui dos benefícios”, detalha.
Algo que surpreendeu o gerente foi o engajamento e interesse das pessoas em instalar os painéis. Inicialmente, o plano era subsidiar mil sistemas – no entanto, a empresa teve que fechar as inscrições em cinco dias, porque mais de 12 mil pessoas já tinham pedido o auxílio.
Em Florianópolis, por exemplo, os 200 equipamentos disponíveis se esgotaram em apenas sete minutos – o que demonstra, para Gianesini, o sucesso do projeto e da campanha: “O legal é que várias distribuidoras gostaram do modelo que aplicamos e estão replicando isso”.
Contas de luz
Dentro do Comitê de Inovação e Sustentabilidade da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) também surgiu a discussão de usar o sol como fonte energética. Como o foco da empresa é a construção de moradias de interesse social, atendendo predominante famílias com renda entre um e três salários-mínimos, a grande vantagem do projeto é justamente a redução nas contas de energia dos mutuários, como relata o superintendente de Orçamento, Programação e Controle da organização, Silvio Vasconcellos.
“Isso tem impacto direto no que chamamos de ‘custo de morar’. Temos que ter uma casa que não dê custos altos de manutenção e que seja sustentável, com esquemas de gastar pouca água, com uso racional de energia. Os resultados de pilotos são extremamente satisfatórios. O que tem acontecido é que o consumo tem se mantido nos padrões anteriores, e isso significa redução nas contas”, explica.