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Brasil Embaixadores do Gabão e de Burkina Faso foram chamados ao Ministério das Relações Exteriores para receber um pedido formal de desculpas do governo brasileiro

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PMs apontaram armas para filhos de diplomatas estrangeiros negros durante abordagem no Rio. (Foto: Reprodução)

Representantes do Ministério das Relações Exteriores receberam os embaixadores do Gabão e de Burkina Faso em Brasília, quando apresentaram um pedido formal de desculpas aos diplomatas pais dos jovens negros abordados de forma violenta por policiais militares em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O órgão informou que vai acionar o Governo do Rio e pedir uma apuração rigorosa sobre o caso, com o que chamou de “responsabilização adequada” dos agentes envolvidos na abordagem.

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que os PMs param a viatura, descem do veículo e apontam as armas para os adolescentes, que deixaram um colega em casa, na Rua Prudente de Morais. Os agentes fazem os meninos entrarem no prédio e, lá, revistam os jovens. Os três negros, do Canadá, do Gabão e de Burkina Faso, moram em Brasília, mas passam férias no Rio na casa de um amigo, que é brasileiro e branco.

Após a divulgação do caso, a Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo abriu uma investigação, com apoio da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Os agentes já colheram o depoimento do porteiro do edifício onde os jovens foram encurralados e revistados pelos policiais.

Em nota, a Polícia Militar declarou que a Corregedoria-Geral da corporação abriu uma apuração interna, com depoimentos de testemunhas e análise de imagens das câmeras de segurança e dos dispositivos corporais dos agentes. Já o Governo do Rio afirmou que não admite nenhum tipo de comportamento preconceituoso.

Abordagem racista

Classificada como truculenta e racista, a abordagem de policiais militares a um grupo de quatro jovens — um brasileiro branco e três estrangeiros, filhos de diplomatas, negros, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, não é incomum no Brasil, especialmente no Rio e ainda mais nas regiões consideradas periféricas da cidade.

“A polícia está aqui para proteger. Como pode colocar armas na cabeça de meninos de 13 anos?”, questionou Julie-Pascale Moudouté-Bell, embaixatriz do Gabão.

Ainda de acordo com o relato, os adolescentes foram questionados sobre o que faziam na rua. Os três filhos de diplomatas não entenderam a pergunta, por serem estrangeiros, e não conseguiram responder. O filho dela respondeu e, em seguida, o grupo foi liberado.

“Antes alertaram as crianças para não andarem na rua, pois seriam abordados novamente”, afirma a mãe. “A abordagem foi racial e criminosa.”

Representantes da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) receberam os adolescentes nessa sexta (5). A presidente do grupo, a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), repudiou a ação policial.

“É inaceitável que abordagens racistas ainda ocorram no Rio de Janeiro a partir das forças de segurança. Este é mais um exemplo das experiências diárias enfrentadas por jovens negros no estado. A ação da Polícia Militar é caracterizada pela violência direcionada à população negra, utilizando força excessiva de imediato, mesmo quando se trata de filhos de diplomatas em um bairro nobre”, afirmou ela, em nota.

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