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Brasil O embate público entre Bolsonaro e o governador de São Paulo é uma amostra de como uma relação entre aliados se transformou em guerra

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Presidente já partiu para a crítica aberta, e aliados do governador calculam como enfraquecer o provável rival em 2022. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O mais recente embate público entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, é uma amostra de como, em poucos meses, uma relação entre aliados se transformou numa convivência pautada pela desconfiança e o pragmatismo político.

Após ser acusado pelo presidente de “mamar” em governos do PT na semana passada, Doria avisou a aliados que não tem interesse em entrar agora numa disputa com Bolsonaro. Entretanto, a mais dura declaração do presidente contra o tucano até agora fez aumentar a percepção no entorno do governador de que o embate entre os dois já é um caminho sem volta.

Na quinta-feira (29), Bolsonaro chamou Doria de “amigão” dos ex-presidentes Lula e Dilma ao referir-se à compra de um jatinho pela empresa do governador em 2010 com financiamento do BNDES . O assunto já era de conhecimento público, mas foi o tom de Bolsonaro que alertou os tucanos:

“Amigão do Lula e da Dilma. Vejo Doria falando ‘minha bandeira jamais será vermelha’. É brincadeira. Quando estava mamando a bandeira lá era vermelha com foice e um martelo.”

Em viagem à Alemanha, Doria evitou polemizar e defendeu não haver ilegalidade na linha de crédito:

“Eu nunca precisei mamar em teta nenhuma. Não entro nessa polêmica. Eu quero Lula e Dilma distantes, se possível do Brasil.”

2022 já começou

Embora o discurso seja de não entrar em polêmica, o tucano tem feito gestos que alimentam uma relação que vem estremecida há meses com o presidente. Doria se elegeu com o voto “BolsoDoria”, mas, em nome de viabilizar uma candidatura à Presidência em 2022, o governador tem se contraposto ao atual ocupante do Planalto.

Ele recebeu, por exemplo, um ministro francês que Bolsonaro se recusou a encontrar, criticou a posição do presidente sobre questões climáticas e sobre a ditadura, condenou a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada nos EUA e, no fim de agosto, no momento mais tenso da relação entre Sergio Moro e o presidente, Doria fez afago público ao ministro da Justiça.

Pelo esgarçamento da relação pessoal e as demonstrações de Bolsonaro de que tentará a reeleição, aliados do tucano já preveem que o enfrentamento político não deverá arrefecer.

“A eleição 2022 já começou. Acho difícil Bolsonaro recuar”, disse um interlocutor de Doria em Brasília.

“Viúvas” de Bolsonaro

Em São Paulo, Doria segura seus apoiadores para não subirem no palanque antes da hora. Do exterior, ele não manifestou interesse em procurar Bolsonaro para uma conversa. Perguntado pelo O Globo, o governador disse na sexta-feira (30):

“Não é hora de polemizar. É hora de governar.”

Além de questões eleitorais, há apreensão com reflexos que esses estranhamentos podem causar à relação entre o Estado e o governo federal. Em eventos oficiais, Doria e Bolsonaro têm trocado cordialidades.

A escalada do embate com o presidente vem num momento em que Doria está fragilizado no próprio partido. Há duas semanas, ele sofreu sua maior derrota política ao ver a cúpula do PSDB arquivar o pedido de São Paulo para expulsão do deputado Aécio Neves.

Sem apoio majoritário no PSDB, uma das estratégias de Doria para reforçar seu projeto para 2022 tem sido a aproximação com ex-aliados de Bolsonaro. A filiação do deputado Alexandre Frota, ex-PSL foi o movimento mais barulhento nesse sentido, mas não foi o primeiro.

O avanço de Doria sobre “viúvas” de Bolsonaro começou em junho com a filiação do empresário e hoje presidente estadual do PSDB no Rio, Paulo Marinho. Ele foi um dos maiores apoiadores da campanha de Bolsonaro e estava filiado ao PSL.

“Nunca fui do grupo da intimidade do capitão. Ajudei a elegê-lo porque o João Doria não conseguiu se viabilizar candidato a presidente”, afirmou Marinho.

Na mesma época, Doria incentivou o ingresso no PSDB do ex-ministro Gustavo Bebianno. A filiação não deverá sair — Bebianno está negociando com o DEM — mas Doria tem do ex-ministro uma declaração de apoio.

O governador nega interesse eleitoral nessas filiações. Mas seus aliados fazem o seguinte cálculo: Doria precisa atrair parte do eleitorado que votou em Bolsonaro, e o apoio de ex-aliados do presidente, mesmo que pontual, ajudaria na difusão da mensagem de que o tucano é a alternativa para desiludidos.

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