Sexta-feira, 02 de maio de 2025

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil A empreiteira Andrade Gutierrez pagou 30 milhões de reais em propinas para “matar” uma CPI

Compartilhe esta notícia:

Assad prestou dois depoimentos ao juiz Marcelo Bretas em processos sobre a geração de "caixa dois". (Foto: Folhapress)

O empresário e lobista Adir Assad disse nesta quarta-feira (9) que a empreiteira Andrade Gutierrez repassou R$ 30 milhões a políticos para ‘matar’ a CPI de Carlinhos Cachoeira. Em depoimento à 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, ele disse que o pagamento da propina foi revelado para ele pelo ex-executivo da empresa, Flavio Barra.

“Este dinheiro foi só o da Andrade. Mas devem ter passado o chapéu também para outras empresas”, disse Assad, que foi preso por abrir empresas de fachada para lavar dinheiro para empreiteiras.

Executivos da Andrade Gutierrez fecharam acordo de delação premiada na Operação Lava Jato e revelaram a prática de ilícitos. O empresário também relatou a tranquilidade dos parlamentares no dia do seu depoimento à CPI, depois de repassada a propina. “Parecia que eu fui lá fazer uma palestra. Os parlamentares com a cabeça baixa, mexendo no celular. Uma tranquilidade”, contou.

Ele disse também que Cachoeira era “seu concorrente”, mas que só foi conhecê-lo em Bangu 8 – presídio de nível superior no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. O repasse dos R$ 30 milhões para abafar a CPI foi confirmada pelo irmão de Adir, Samir Assad, que também prestou depoimento nesta quarta.

Questionado pelo juiz Marcelo Bretas como conseguia sacar altas quantias de dinheiro em caixas de banco para movimentar os pagamentos das propinas, Adir disse que “nunca pagou dinheiro ilícito para corromper os funcionários, mas que havia um trabalho de sedução com os gerentes”.

“Nós comprávamos seguros no banco, fechávamos consórcios, oferecíamos para os gerentes ingressos de shows, eventos..”, relatou o empresário, que era dono de uma produtora de eventos que produziu shows internacionais no Brasil como os da banda U2, a cantora Beyoncé e Shakira.

De acordo com o empresário, a CPI provocou uma séria crise na Delta, o que satisfez as demais grandes concorrentes, incomodadas com o crescimento dela.

Ele afirma que a exposição de seu relacionamento com a Delta passou a provocar preocupação nas outras empreiteiras.

“Estavam dando um tiro numa formiga e vão achar um elefante. Quando aparecesse o Assad, todas as grandes iriam para o jogo. Se tivesse a coragem de falar lá atrás…”, disse ele ao magistrado.

Assad tinha atuação no ramo de entretenimento, tendo viabilizado shows de artistas internacionais no país, tais como U2, Beyoncé, Shakira, entre outros.

“Não sei quando deixei de ser mocinho para virar criminoso. […] Queríamos ganhar mais dinheiro”, declarou.

Dinheiro vivo

Ele utilizava uma rede de empresas de fachada subcontratadas pelas empreiteiras, tendo como objetivo único a geração de dinheiro vivo.

“Por causa do relacionamento com os bancos, tínhamos facilidade de pegar dinheiro na boca do caixa”, disse Assad.

Ele disse que não sabe listar todos os agentes públicos que receberam propina. Mas disse que era sabido que o dinheiro vivo tinha como propósito corrupção. “O Brasil inteiro sabe.”

De acordo o empresário, sua empresa de entretenimento sempre precisou de dinheiro vivo para pagar seguranças, garçom, e outros funcionários contratados para os eventos. Isso, segundo ele, ajudou a não levantar suspeitas nas instituições financeiras.

“O discurso era muito maior nos bancos. Dizia para o gerente que ia deixar tanto dinheiro aplicado, comprar consórcio de carro, tudo quanto era produto do banco. Eu tinha recursos, mas precisava em cash”, disse o empresário.

Assad relatou ainda que, em muitos casos, oferecia ingressos e até mesmo encontro com os artistas internacionais para se aproximar de pessoas consideradas importantes para o esquema.

A Andrade Gutierrez afirmou em nota “que segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado pela empresa com o Ministério Público Federal e reforça seu compromisso público de esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado”.

“Além disso, a empresa afirma ainda que continuará realizando auditorias internas no intuito de esclarecer fatos que possam ser do interesse da Justiça e dos órgãos competentes. A Andrade Gutierrez afirma ainda que acredita ser esse o melhor caminho para a construção de uma relação cada vez mais transparente entre os setores público e privado”, disse a nota da empreiteira.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Francisco Turra e Eduardo Logemann debatem o agronegócio na Federasul
O governo federal cogita subir os impostos, mas desiste de mexer no Imposto de Renda
https://www.osul.com.br/empreiteira-andrade-gutierrez-pagou-30-milhoes-de-reais-em-propinas-para-matar-uma-cpi/ A empreiteira Andrade Gutierrez pagou 30 milhões de reais em propinas para “matar” uma CPI 2017-08-09
Deixe seu comentário
Pode te interessar