Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de junho de 2015
 
				O juiz federal Sérgio Moro disse, na decisão que determinou a prisão de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, que mesmo após a deflagração da Operação Lava-Jato, em março do ano passado, as empresas não fizeram nada para mudar a suspeitas sobre pagamento de suborno.
“Não há registro de que os dirigentes das duas empreiteiras, incluindo os presidentes, tenham tomado qualquer providência para apurar, em seu âmbito interno, o ocorrido, punindo eventuais subordinados que tivessem, sem o conhecimento da presidência, se desviado.”
O magistrado alegou que isso “é indicativo do envolvimento da cúpula diretiva e de que os desvios não decorreram de ação individual, mas da política da empresa”. Marcelo Odebrecht, da companhia que leva seu sobrenome, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez, foram presos nesta sexta-feira (19), pela Polícia Federal.
Como não teriam feito nada, na visão do juiz, havia risco de que os supostos crimes continuassem a ser cometidos. “A assim denominada Operação Lava-Jato deveria servir para as empreiteiras envolvidas como um ‘momento de clareza’, levando-as a renunciar ao emprego de crimes para impulsionar os seus negócios.”
Um dos motivos elencados pelo juiz para justificar a prisão foi o risco à ordem pública. Segundo ele, a prisão é “necessária para interromper o ciclo delitivo”. Moro mencionou como motivo para o encarceramento o risco de que os empreiteiros interfiram na colheita de provas. “No caso da Odebrecht, há registros de pontuais interferências na colheita da prova por pessoas a ela subordinadas ou ligadas”, alegou.
O magistrado diz que o principal prejudicado pelo esquema de corrupção na Petrobras é “o cidadão brasileiro”, já que as perdas da empresa com corrupção, estimadas em 6 bilhões de reais pela companhia petroleira em seu balanço de 2014, provoca “reflexos no crescimento econômico”.
Moro também mencionou os riscos políticos decorrentes da corrupção: “A gravidade concreta da conduta das empreiteiras é ainda mais especial, pois parte da propina foi direcionada a agentes políticos e ainda para financiamento político, comprometendo a integridade do sistema político e o regular funcionamento da democracia. O mundo do crime não pode contaminar o sistema político-partidário”. (Folhapress)