Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2015
Um dos principais pivôs da investigação sobre a Fifa (entidade máxima do futebol), o empresário paulista José Hawilla colabora com o FBI (polícia federal norte-americana) desde o fim de 2013. A partir daí, ele passou a usar grampo em conversas com envolvidos em esquemas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro ligados a contratos de futebol, incluindo o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) José Maria Marin, preso na Suíça desde a semana passada.
Em dezembro, ao final de cerca de um ano de colaboração, Hawilla, 71 anos, formalizou um acordo com a Justiça pelo qual se declara réu confesso e se compromete a pagar 151 milhões de dólares (cerca de 473 milhões de reais), dos quais já depositou 25 milhões de dólares (78 milhões de reais). Ele é fundador e dono da Traffic, a maior empresa de marketing esportivo da América Latina. Seus negócios incluem também a TV TEM, afiliada da Rede Globo, que retransmite para 318 municípios do interior paulista.
O empresário gravou até uma conversa com Aaron Davidson, presidente da Traffic USA, filial de sua empresa nos EUA. Davidson também foi indiciado, de acordo com uma reportagem do jornal “Miami Herald”, publicada em abril de 2014. Além de Hawilla, ao menos outro réu confesso, o ex-membro do comitê executivo da Fifa Chuck Blazer, concordou em gravar conversas para o FBI. A informação foi divulgada pelo “The New York Times”.
Diálogo
O conteúdo obtido pelo FBI entre Hawilla e Marin ocorreu em abril do ano passado, em Miami. Parte do diálogo é reproduzido textualmente na acusação da Justiça divulgada em 27 de maio, data em que houve a prisão de sete dirigentes da Fifa na Suíça. O assunto entre eles era a distribuição do pagamento anual de 2 milhões de reais de propina relacionada aos direitos de transmissão da Copa do Brasil, torneio disputado desde 1989.
Marin sugere que o antecessor, Ricardo Teixeira, deveria parar de receber, conforme a investigação norte-americana. A divisão só aconteceria entre ele e Marco Polo Del Nero, que assumiu a CBF neste ano. Teixeira e Del Nero não são citados nominalmente na acusação.
O diálogo em poder do FBI é este, em tradução livre: “Em determinado momento, quando [Hawilla] perguntou se era realmente necessário continuar pagando propinas para seu antecessor na presidência da CBF, Marin disse: ‘Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?’”. “[Hawilla] concordou dizendo: ‘Claro, claro, claro. Esse dinheiro tinha de ser dado a você [ou vocês]’. Marin concordou: ‘É isso’”. Depois da prisão de Marin e da revelação do teor da gravação, Del Nero deixou o congresso da Fifa na Suíça e voltou às pressas ao Brasil. (Folhapress)