Terça-feira, 07 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2020
Um grupo de empresas farmacêuticas que competem entre si para estar entre as primeiras a desenvolver vacinas contra o coronavírus planejam lançar uma declaração em conjunto no início da próxima semana se comprometendo com a segurança do imunizante e respeitando os rigorosos padrões de eficácia e segurança, de acordo com representantes de três companhias.
O objetivo é tranquilizar o público de que as empresas não buscarão a aprovação prematura de uma vacina mesmo sob pressão política do governo Trump. O presidente republicano vem pressionando para que uma delas esteja disponível até outubro — pouco antes da eleição presidencial, na qual Trump tentará ser reeleito —, e um número crescente de cientistas, reguladores e especialistas em saúde pública expressou preocupação.
A declaração conjunta das empresas foi planejada para o início da próxima semana, mas pode ser divulgada antes disso, após sua existência ter sido tornada pública na sexta-feira (4) pelo jornal americano Wall Street Journal. As fabricantes que teriam assinado a carta são Pfizer, Moderna, Johnson & Johnson, GlaxoSmithKline e Sanofi.
As empresas farmacêuticas não são as únicas a reagir. Reguladores seniores da Food and Drug Administration (FDA) têm debatido a possibilidade de fazerem sua própria declaração pública conjunta sobre a necessidade de confiar em ciência comprovada, de acordo com dois altos funcionários do governo.
Os cientistas estão correndo em velocidade recorde para desenvolver uma vacina que possa acabar com a pandemia, que ceifou quase 190 mil vidas nos EUA e infectou mais de seis milhões de pessoas no país. Três empresas — Moderna, Pfizer e AstraZeneca — estão testando suas candidatas em testes clínicos em estágio final.
O presidente-executivo da Pfizer disse esta semana que a empresa poderia ver resultados já em outubro, mas outros disseram apenas que planejam lançar uma vacina até o final do ano.
Especialistas em saúde pública aplaudiram o rápido desenvolvimento de uma vacina pelas empresas, e os primeiros resultados foram promissores. Mas, nas últimas semanas, eles ficaram preocupados quando Trump e seus aliados começaram a falar sobre uma vacina que poderia estar pronta antes da eleição de 3 de novembro.
Em tweets e comentários públicos, Trump vinculou explicitamente sua reeleição a uma vacina, uma ideia detalhada na semana passada na Convenção Nacional Republicana, em que vídeos promocionais apresentavam os esforços do governo para financiar e desenvolver um imunizante.
Os conselheiros da campanha de Trump chamaram em particular uma vacina pré-eleitoral de “o Santo Graal”. Mas se uma vacina acabar tendo efeitos colaterais perigosos para algumas pessoas, as consequências podem ser catastróficas não só para o governo, mas também para as empresas, prejudicando sua reputação corporativa, colocando em risco seu portfólio mais amplo de produtos e minando amplamente a confiança nas vacinas, um dos grandes avanços da saúde pública em humanos.