Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de novembro de 2025
Dificuldade para dormir, comer e o foco total nos estudos podem ativar emoções prejudiciais aos estudantes que se preparam para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorre nos próximos dias 9 e 16 de novembro em todo o País. De acordo com o Painel Enem 2025, criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de inscritos este ano é de 4,81 milhões. Somente no Estado de São Paulo, 751 mil inscrições estão confirmadas. Apesar do nervosismo, educadores garantem: é possível lidar com as emoções e transformar a tensão em desempenho positivo.
Segundo a professora e psicóloga Rosa Maria Martins de Almeida, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, um pouco de ansiedade e insegurança é natural e até benéfico. O problema é quando o estudante fica paralisado, agitado ou incapaz de realizar alguma atividade. Para a psicóloga, a emoção pode se tornar menos intensa com algumas práticas simples.
“Essa é a hora ideal para praticar uma atividade física, encontrar os amigos para assistir a algo, manter uma alimentação leve e, principalmente, fazer pausas durante os estudos. Parece impensável sair dos estudos para o lazer, principalmente estando tão perto da data do Enem, mas o cérebro compreende melhor o que foi estudado quando há equilíbrio. Além disso, hoje em dia é normal estarmos imersos no universo da tecnologia, mas é essencial que os estudantes não se isolem neste período. Cuidar da higiene do sono também ajuda a acalmar”, afirma a psicóloga.
Outras pequenas atitudes podem reduzir o nervosismo no dia da prova. Conforme Rosa, conhecer o local da prova e a sala onde será realizada antes da data estipulada pode ser benéfico, para que os estudantes não se sintam deslocados em um ambiente possivelmente desconhecido.
“Parece simples, mas todos os anos vemos os ‘atrasados do Enem’. Imprevistos podem acontecer, mas chegar em cima da hora e ainda precisar procurar a sala da prova pode aumentar o estresse e gerar frustração. O estudante que chega com antecedência ou visita o local antes fica mais tranquilo por já ter essa informação confirmada”, menciona.
No caso da frustração, diferentes fatores podem levar os estudantes a se cobrarem em excesso, como a ideia de que é essencial tirar uma nota alta no exame para garantir uma vaga na universidade. Além disso, é comum que estudantes, em sua maioria adolescentes, façam comparações uns com os outros.
Isso ocorre porque, conforme a psicóloga, o córtex pré-frontal do cérebro, responsável pelo controle das emoções, ainda está em desenvolvimento em muitos adolescentes. Dessa forma, eles ficam mais suscetíveis a emoções como frustração, autocobrança e impulsividade.
A ansiedade e o nervosismo antes e durante a prova podem causar o popular “branco”, quando os estudantes esquecem algum conteúdo estudado e não sabem como prosseguir em determinada questão. Nesse momento, técnicas simples podem ser aliadas para que a prova seja concluída.
“Dê uma pausa, respire fundo. Conte até 10 ou 100, até se sentir tranquilo para continuar, e comece pelas questões em que se sente mais confiante. Às vezes, os estudantes querem começar pela primeira questão, mas ela pode tratar de um tema difícil para eles, gerando frustração logo no início. Pule para a próxima; você encontrará questões mais fáceis, o que ajuda a gerar confiança para enfrentar as mais difíceis”, aconselha Rosa.
De acordo com Edilson Pichiliani, orientador para vestibulares e professor de Biologia no colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, em Barueri, é importante não se desesperar ao encontrar questões difíceis. Para ele, escrever a redação em um rascunho, resolver outras questões da prova e retornar para revisar o texto ajuda a compreender melhor o conteúdo e ganhar confiança.
Além disso, no caso de questões difíceis em que o estudante não consegue encontrar a resposta, é preferível escolher entre duas alternativas que se conhece bem do que chutar qualquer opção.
“Isso porque existe a lógica da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que mede coerência e consistência nas respostas. Quando você não sabe a resposta, mas conhece dois conteúdos do tema entre as opções, pode ficar mais seguro escolhendo entre essas duas alternativas do que chutando uma opção qualquer, que provavelmente está errada”, avalia.
Veja abaixo algumas dicas para controlar o nervosismo:
– Planeje sua rotina de estudo: Estabeleça horários de estudo e pausas regulares para evitar sobrecarga mental;
– Durma bem: Mantenha uma boa higiene do sono; evite celulares e luzes fortes antes de dormir;
– Alimente-se de forma leve e saudável: Evite exageros em cafeína e energéticos no dia da prova;
– Faça simulados: Treine provas anteriores para se familiarizar com o formato e ganhar confiança;
– Conheça o local da prova: Visitar a escola antes ajuda a reduzir a ansiedade com o ambiente desconhecido;
– Gerencie frustrações durante a prova: Comece pelas questões que você domina; volte às mais difíceis depois;
– Use técnicas de respiração e relaxamento: Respire fundo, feche os olhos por alguns segundos ou pratique mindfulness;
– Equilibre estudo e lazer: Inclua atividades prazerosas, exercícios físicos ou hobbies para relaxar a mente;
– Evite comparações: Concentre-se no seu próprio desempenho, sem se comparar com colegas;
– Busque apoio emocional: Converse com amigos, familiares ou profissionais caso a ansiedade esteja intensa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.