Sábado, 01 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2025
Um enfermeiro acusado de matar o médico Gabriel Basso de Moura, em Erechim (Norte gaúcho) foi condenado a 24 anos de prisão em regime fechado, com início imediato do cumprimento da sentença. De acordo com o processo, na madrugada de 26 de novembro de 2023 o réu ateou fogo à casa da vítima, causando sua asfixia.
Preso desde o dia seguinte ao incidente, o autor confesso do incêndio havia participado de um jantar com Gabriel e na residência de um colega. Após o encontro os dois foram para a casa do médico e, conforme a versão endossada pela defesa, o enfermeiro sofreu um surto psicótico motivado por uso de drogas e que o fez iniciar as chamas.
Ele conseguiu sair do imóvel, mas deixou para trás Gabriel, desarcordado em seu quarto no segundo andar do imóvel, um sobrado no bairro Atlântico. O corpo foi retirado pelo Corpo de Bombeiros horas depois, pela manhã, carbonizado. Seus pais também moravam na casa, mas não estavam presentes.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) sustentou a tese de homícidio doloso (quando há intensão de matar) e triplamente qualificado por três agravantes: meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e emprego de meio que resultou em perigo comum, pois o incêndio pôs em risco severo outras residências na vizinhança.
Repercussão
A sessão de julgamento durou cerca de 15 horas, sendo encerrada na madrugada dessa sexta-feira (31). Além de amigos e familiares, o plenário esteve lotado durante todo o julgamento, com ampla presença de cidadãos do município, emocionados ao relembrarem os detalhes do caso, que teve grande repercussão na comunidade local, devido à brutalidade envolvida e ao fato de a vítima, de 33 anos, ser uma pessoa bem-quista na região.
Na sede local do MPRS foram afixados cartazes e faixas com pedidos de justiça e homenagens ao médico, por meio de frases de efeito, um das quais dizia “Tem saudade sua espalhada por todo o lugar”. Outra expressava o lamento “Perdemos um filho, um irmão, um amigo”.
Para o promotor Fabricio Gustavo Allegretti, que atuou em plenário, a condenação representa uma resposta firme do sistema judiciário à gravidade do crime:
“Foi um dos casos de maior repercussão na história da comunidade de Erechim, pela forma como aconteceu. A indiferença à vida da vítima por parte do réu foi reconhecida pelos jurados, e isso foi um dos aspectos mais chocantes abordados pela acusação. O júri popular acolheu integralmente os argumentos da Promotoria e conferiu uma condenação exemplar”.
Allegretti enalteceu, ainda, a importância da atuação, em parceria, do promotor de Justiça Valério Cogo, integrante do Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ), bem como do suporte institucional do Centro de Apoio Operacional do Júri e do Gabinete de Assessoramento Técnico (GAT), que prestou auxílio à Promotoria na análise do perfil do réu.
(Marcello Campos)
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