Sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2025
O número de estudantes matriculados em cursos de graduação a distância superou pela primeira vez a quantidade de alunos em cursos presenciais. É o que mostram os dados do Censo de Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com as estatísticas compiladas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil tem 5.189.391 estudantes universitários na educação a distância e 5.037.482 na presencial.
O resultado do Censo demonstra que a facilidade da logística e os custos mais baixos dos cursos a distância têm conquistado a preferência dos estudantes brasileiros. Educadores alertam, no entanto, para necessidade de garantir a qualidade da modalidade.
Em maio, o governo federal publicou um novo marco para a educação a distância no País. Entre as mudanças, proibiu que cursos de Medicina, Direito, Enfermagem, Psicologia e Odontologia sejam ministrados no formato remoto. O marco estabeleceu ainda um novo modelo: a educação semipresencial, que pode ter 50% das aulas a distância, 30% presencial e 20% de aulas remotas ao vivo. As novas regras fazem parte da estratégia do MEC para frear o aumento expressivo de cursos a distância nos últimos anos e garantir a qualidade na modalidade.
O presidente do Inep, Manuel Palacios, frisou que a educação a distância não é sinônimo de má qualidade, e a modalidade é importante para promover o acesso. “A educação a distância proporcionou a ampliação da oferta e o atendimento de uma população que de outra maneira não teria acesso à educação superior.”
Nos últimos anos, o Brasil viveu ascensão do número de cursos de graduação a distância. O formato foi impulsionado sobretudo após 2018, quando o então presidente Michel Temer (MDB) flexibilizou a abertura de polos a distância. Depois, a pandemia de covid-19, quando o isolamento social impôs maior uso das aulas virtuais, reforçou esse movimento. Segundo o Inep, o número de matrículas na graduação presencial diminuiu 0,5% entre 2023 e 2024. Por outro lado, o total de matrículas na educação a distância cresceu 5,6% no mesmo período. Considerando todas as matrículas na educação a distância, 95,9% estão na rede privada.
Em uma década, a quantidade de cursos de graduação oferecidos na modalidade a distância aumentou 286,7%. Apesar disso, o ritmo desse crescimento tem diminuído ao longo dos anos. Presidente do Semesp (sindicato de mantenedoras), Lúcia Teixeira diz que “esse cenário está ligado à estagnação do ensino presencial, que havia caído fortemente de 2015 a 2022 e agora parou de cair, mas não cresce por falta de políticas de acesso”.
Atualmente, a educação a distância está presente em 3.387 municípios do Brasil. O aumento exponencial do ensino a distância foi construído ao longo dos anos por causa de um desequilíbrio entre o número de ingressantes na graduação presencial em comparação com os da EAD. Entre 2014 e 2024, o número de ingressos caiu 30,2% nos cursos de graduação presencial, enquanto aumentou 360% nos cursos a distância.
Palacios disse que o decreto que cria a educação semipresencial modificará a oferta da educação superior no Brasil e trará um impacto positivo sobre a infraestrutura dos cursos, principalmente da modalidade EAD. “A implantação é progressiva. Acredito que vamos conhecer polos com mais recursos e mais infraestrutura para atender os estudantes da educação superior, no modelo intermediário.”
Pela primeira vez, o Inep calculou o índice de estudantes que saem do sistema de educação superior. A estatística mostra que essa taxa vem crescendo ano a ano. De 2023 a 2024, 17,5% dos alunos largaram o ensino superior. Dez anos antes, entre 2013 e 2014, o índice era de 11,5%.
Diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Moreno explica que o aumento da evasão pode estar relacionado à expansão da EAD. “Considerando o presencial e o EAD, você vai perceber que o presencial é bem estável. Essa expansão da EAD trouxe mais estudantes com maior idade, essa taxa de evasão também atinge esses estudantes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.