Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2025
A Polícia Federal (PF) suspeita que o ex-ministro Gilson Machado Neto, preso nessa sexta-feira (13), atuou em maio deste ano para tentar obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid e facilitar uma possível saída do país. A medida foi interpretada como uma possível tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista, já que Cid é um dos réus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com a suspeita e determinou a abertura de uma investigação. Horas depois da detenção, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão preventiva do ex-ministro do Turismo Gilson Machado.
A PF reuniu indícios de que Gilson procurou o Consulado de Portugal em Recife, onde mora, para conseguir o passaporte de Cid, mas não teve sucesso. Houve a suspeita, contudo, de que ele poderia procurar outras embaixadas ou consulados com o mesmo objetivo, para que o tenente-coronel deixe o país.
Ao comentar a descoberta da PF, a PGR considerou que havia “elemento sugestivos” de que Machado Neto atuou para atrapalhar o andamento da ação pena, e apontou que a atitude poderia configurar obstrução de investigação e favorecimento pessoal e defendeu a abertura de uma investigação.
“(As informações da PF) apresentam elementos sugestivos de que o Sr. Gilson Machado Guimarães Neto, que exerceu o cargo de Ministro de Estado do Turismo durante a gestão do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, esteja atuando para obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF e das demais investigações que seguem em curso”, escreveu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Gonet, essa atuação ocorreu “possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu Mauro Cesar Barbosa Cid, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual”.
A ação penal 2.668 analisa uma suposta tentativa de golpe de Estado e tem Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os réus.
Procurado na terça-feira, Machado negou que tivesse procurado o consulado em busca de um benefício para Cid.
“Estou surpreso. Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai”, afirmou o ex-ministro.
Também na terça-feira, Mauro Cid afirmou, no intervalo dos interrogatório da trama golpista no STF, que a informação era “novidade” para ele e que não houve pedido de passaporte.
Seu advogado, Cezar Bitencourt, disse que ele não teria “interesse” em deixar o Brasil:
“Não, absolutamente nada. Não tinha interesse nenhum em sair do país.”
Machado foi ministro do Turismo durante o governo de Bolsonaro e continua próximo do ex-presidente. No ano passado, concorreu à prefeitura de Recife pelo PL, mas ficou em segundo lugar.
Recentemente, ele iniciou uma campanha de arrecadação de recursos para Bolsonaro. Em depoimento à PF na semana passada, o ex-presidente afirmou que a campanha foi feita sem seu conhecimento e que Machado arrecadou R$ 1 milhão. As informações são do jornal O Globo.