Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2020
O desenvolvimento de uma vacina segue altos padrões de exigência de qualidade e protocolos de procedimentos éticos em todas as suas fases. O processo inclui a pesquisa inicial e os testes em animais e em seres humanos, até a avaliação final dos resultados pelas agências reguladoras.
As fases de desenvolvimento de uma vacina são:
1-Fase exploratória ou laboratorial: Fase inicial ainda restrita aos laboratórios. Momento em que são avaliadas dezenas e até centenas de moléculas para se definir a melhor composição da vacina.
2-Fase pré-clínica ou não clínica: Após a definição dos melhores componentes para a vacina, são realizados testes em animais para comprovação dos dados obtidos em experimentações in vitro.
3-Fase clínica: É a testagem do produto em seres humanos. Esta fase do processo se divide em três:
4-Fase 1 – a primeira etapa tem por objetivo principal testar a segurança do produto. São testados poucos voluntários, de 20 a 80, geralmente adultos saudáveis.
5-Fase 2 – a segunda etapa da testagem em seres humanos analisa mais detalhadamente a segurança do novo produto e também sua eficácia. Em geral, é usado um grupo um pouco maior, que pode chegar a centenas de pessoas.
6-Fase 3 – na última etapa o objetivo é testar a segurança e eficácia do produto especificamente no público-alvo a que se destina. Nesta etapa, o número de participantes pode chegar a milhares. Mesmo depois da aprovação, nova vacina continua sendo monitorada, em busca de eventuais reações adversas.
Busca pela vacina contra a covid-19
Para se chegar a uma vacina contra o novo coronavírus, explica Renato Mancini Astray, pesquisador científico de vacinas virais do Instituto Butantan, em São Paulo, é preciso entender a imunologia relacionada à infecção por coronavírus. Em um primeiro momento, segundo ele, os estudos se baseiam no que se sabe sobre outras versões do coronavírus que causaram epidemias, como o SARS e o MERS.
Em seguida, deve ser feita uma preparação precisa para mostrar a eficiência em testes em animais, seguindo para os testes em humanos. Por fim, conclui, “a construção de estrutura produtiva e aprovação por agências reguladoras”.
Na busca pela vacina contra a covid-19, institutos e indústrias de diversos países aceleraram suas pesquisas e encurtaram os prazos para a fabricação de uma vacina para entre 12 a 18 meses.
Entretanto, uma nova previsão animou aqueles que esperam pela chegada mais breve das vacinas: no dia 30, a Johnson & Johnson anunciou que cofinanciará, ao lado da Barda (Biomedical Advanced Research and Development Authority), agência dos Estados Unidos, uma vacina que poderá estar pronta ao início de 2021.
Também nos EUA, o KPWHRI (Kaiser Permanente Washington Health Research Institute) foi a primeira organização a realizar pesquisas por uma vacina contra o vírus. Os trabalhos em Seattle são financiados pelo NIH (National Institutes of Health). Na Alemanha, o laboratório Pfizer e a startup BioNTech trabalham juntos em busca do antídoto.
A China provavelmente terá mais de uma pesquisa por vacinas contra a covid-19. Anunciada pelo governo chinês, a Academia Militar de Pesquisa Médica, ligada à Academia Militar de Ciências, lidera um dos estudos, e, a partir de abril, outras instituições iniciarão trabalhos em busca de uma vacina.
No Brasil, pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) lideram uma pesquisa por vacinas feitas por meio de partículas artificiais parecidas com o novo coronavírus. Ainda não há, porém, previsão para a conclusão dos trabalhos. Entretanto, os cientistas esperam que a vacina já seja testada em animais nos próximos meses.