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Entenda a decisão do juiz Sérgio Moro, que condenou Lula na 1ª instância

Na decisão, Moro destacou que os réus que têm acordo de delação premiada possuem benefícios como redução de pena. (Foto: Banco de Dados/O Sul)

O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, decidirá nesta quarta-feira (24) se confirma ou não em segunda instância a decisão do juiz federal Sérgio Moro que condenou o ex-presidente Lula a 9 anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex de Guarujá (SP).

A sentença foi expedida em 12 de julho de 2017, sendo a única até agora contra o petista no âmbito da Operação Lava-Jato.

Na ação apresentada pelo Ministério Público Federal, Lula é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras. O valor, apontou a acusação, se referia à cessão pela OAS do apartamento triplex ao ex-presidente, a reformas feitas pela construtora nesse imóvel e ao transporte e armazenamento de seu acervo presidencial. Moro, porém, absolveu o ex-presidente na acusação sobre o acervo presidencial.

Para Moro, Lula tinha “um papel relevante no esquema criminoso” da Petrobras, já que cabia a ele indicar os nomes dos diretores da estatal, e os álibis invocados por sua defesa, que argumenta que o apartamento jamais esteve no nome do petista, são “falsos”.

O magistrado diz que há provas documentais e testemunhais “conclusivas” a respeito da propriedade, que confirmam que o triplex “foi atribuído ao ex-presidente e sua esposa desde o início”.

“Luiz Inácio Lula da Silva foi beneficiado materialmente por débitos da conta geral de propinas, com a atribuição a ele e a sua esposa, sem o pagamento do preço correspondente, de um apartamento triplex, e com a realização de custosas reformas no apartamento, às expensas do grupo OAS”, escreveu o magistrado.

Segundo a defesa, a OAS não tinha como ceder a propriedade ou prometer a posse do imóvel ao ex-presidente.

Em depoimento a Moro, Lula declarou que não é dono do apartamento no Guarujá, que desistiu da compra do imóvel e que, por isso, não há como acusá-lo de ter recebido vantagens.

Para a defesa, a acusação se baseia em um “castelo teórico”, e a análise “racional, objetiva e imparcial das provas” leva exclusivamente à absolvição do ex-presidente.

Relembre os motivos para a condenação de Lula citados pelo juiz e o que disseram os advogados:

Documento rasurado

Moro disse que “desde o início o direito adquirido estava vinculado a uma unidade imobiliária específica”. A defesa do ex-presidente afirmou, em depoimento, desconhecer esse documento. A defesa diz que ele não é o dono do triplex.

Reforma personalizada

“Se o presidente havia desistido da aquisição do apartamento, por que a OAS teria insistido em mobiliá-lo?”, questionou Moro. Os advogados de Lula disseram que ele não pediu as benfeitorias. Em audiência, o ex-presidente falou que desconhecia o assunto.

Contradições

Sérgio Moro afirmou: “O depoimento em juízo e o prestado perante a autoridade policial são absolutamente inconsistentes com os fatos”.  Já a defesa, disse que as conclusões de Moro são apenas especulações e que não há provas de crime.

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