Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de março de 2019
Desde 2010, apesar dos trancos e barrancos na candidatura e na preparação, sabe-se que a Copa de 2022 será disputada no Qatar. Porém, a intenção da Fifa e de seu presidente, Gianni Infantino, de aumentar de 32 para 48 o número de seleções participantes faz com que o Mundial ganhe cara e jeito de quem vai atravessar desertos e fronteiras.
Um enredo de politicagem, dinheiro e cartas marcadas faz com que outros países com pouca tradição no futebol também possam sediar jogos daqui a três anos. Os mais prováveis, atualmente, são o sultanato do Omã e a potência petrolífera do Kuwait.
Um estudo de 81 páginas da Fifa apontou o que já se sabia: a entidade acha viável adiantar o inchaço da Copa, com mais 16 seleções, já em 2022. A modificação é prevista para 2026. Hoje, em seu Conselho realizado em Miami, a organização deve decidir pelo prosseguimento da ideia. Até junho, um planejamento detalhado de como a expansão aconteceria deve ser feito e o assunto deve ser votado no Congresso da Fifa, em Paris. Um desafio em que a prática vai se mostrar mais difícil que a teoria cheia de interesses.
No estudo, a Fifa reconhece que o Qatar não tem condições logísticas de aumentar o número de sedes – oito – , o que seria imprescindível com 48 seleções. A entidade sugere que países vizinhos recebam os confrontos e dá cinco opções. Três delas – Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Arábes – vivem uma crise diplomática com o Qatar, que sofre bloqueio econômico de uma série de países da região, incluindo o trio. Não há nem voos sendo operados desde 2017 entre a sede da Copa de 2022 e os países sugeridos.
Neutros no imbróglio, Omã e Kuwait, as duas outras recomendações no estudo da Fifa, saem na frente para também sediar a festa. Infantino, inclusive, visitou os dois países no último mês.
Mas até na neutralidade há dificuldade: o Omã não tem em seu território nenhum estádio com a capacidade mínima exigida pela Fifa na Copa: 40 mil pessoas. O maior deles é o Sultan Qaboos, com arquibancadas descobertas e lotação máxima para 34 mil torcedores. No Kuwait, o estádio Jaber Al-Ahmad atende às demandas da Copa. É a única das quatro potenciais arenas identificadas pela Fifa que não fica em países brigados diplomaticamente com o Qatar: dois estão nos Emirados Árabes e um na Arábia Saudita.
O motivo de tanto esforço para inchar uma Copa que, ao menos no planejamento, estava quase pronta, não é esportivo. A Fifa prevê que o aumento de 32 para 48 seleções em 2022 daria R$1,5 bilhão a mais de receita para a entidade no torneio, além de maior capital político a seu presidente que, com uma eleição à vista para junho, agradaria a confederações e federações no mundo todo. Um preço que, ao que parece, é o suficiente para comprar até brigas diplomáticas no Oriente Médio.