Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2025
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou que as celebrações de Natal no país fossem iniciadas já na última quarta-feira, adotando a medida pelo segundo ano consecutivo oficialmente, prática que se tornou recorrente em períodos de turbulência política e social. O anúncio havia sido feito em 8 de setembro, durante o programa semanal “Con Maduro +”, transmitido pela emissora estatal VTV. Ao justificar a medida, o mandatário afirmou que a antecipação busca “unir e fortalecer” as atividades econômicas, culturais e comerciais.
“Ninguém nem nada neste mundo tirará nosso direito à felicidade, à vida e à alegria”, disse Maduro, em tom de desafio.
A decisão ocorre em meio a uma nova escalada de tensões entre Caracas e Washington. Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra ao Caribe sob o argumento de combater cartéis de drogas. Maduro reagiu com críticas diretas ao presidente Donald Trump, pedindo que cessasse o que chamou de “ameaças ao território venezuelano”.
Histórico de mudanças
A primeira mudança desta data aconteceu já no primeiro ano de governo. No início de novembro de 2013, Maduro antecipou o feriado natalino para tentar levantar o ânimo da população após a morte do ex-presidente Hugo Chávez, ocorrida oito meses antes.
“Vamos antecipar o Natal para que as pessoas possam aproveitar esse momento de paz e amor, e esquecer um pouco das dificuldades”, disse, à época.
Em 2020, Maduro adiantou o Natal para 15 de outubro com o objetivo de desviar a atenção dos venezuelanos dos problemas causados pela pandemia de Covid-19 no país. Ele repetiu a mesma estratégia em 2021 e agora em 2024.
“É setembro e já cheira a Natal, e por isso este ano, em homenagem ao povo combativo, em agradecimento a vocês, vou decretar o Natal para o dia 1º de outubro; chegou o Natal com paz, felicidade e segurança”, disse o mandatário, na segunda-feira, durante uma transmissão do canal oficialista Globo Visión e diante dos espectadores que o aplaudiam.
O movimento foi visto como uma distração para o momento de pressão internacional por conta do contestado resultado da eleição presidencial venezuelana de 28 de julho, quando o chavista foi declarado vitorioso pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para um terceiro mandato de seis anos, mas sem apresentar provas.
O anúncio também aconteceu horas depois de a Justiça aceitar um pedido do Ministério Público e expedir uma ordem de prisão contra o candidato opositor Edmundo González Urrutia, depois de ele ignorar três intimações para depor.
Maduro adiantou o feriado natalino em praticamente todos os anos do seu governo, embora nem sempre na mesma data: em 2015, foi antecipado para 30 de outubro; em 2016, para 28 de outubro; em 2017, para 31 de outubro; em 2018, para 29 de outubro; em 2019, para 31 de outubro; em 202, para 29 de outubro; em 2021, para 27 de outubro; em 2022, para 30 de outubro; e em 2023, para 1º de setembro.
Em 2020, em plena quarentena da Covid-19, o líder chavista destacou que “em tempos de pandemia, o Natal chega mais cedo para encher a família venezuelana de esperança e união”. Porém, em 2023 e sem ameaças do coronavírus, repetiu quase as mesmas palavras: “O Natal chega mais cedo para que o povo encontre alegria e otimismo no meio das dificuldades.”
Nas semanas que antecedem as festas de fim de ano, o governo chavista costuma intensificar a distribuição de ajudas e sacolas de mantimentos nos bairros, incluindo pernis ou presuntos, que durante os piores anos da crise econômica se tornaram o produto mais esperado das cestas dos chamados Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Clap). As informações são do jornal O Globo.