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Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2021
Transportadores rodoviários e autônomos preveem interdição de rodovias e restrição da circulação de caminhões na paralisação nacional da categoria prevista para segunda-feira (1º), a fim de defenderem suas reivindicações, segundo representantes. A adesão ao movimento, no entanto, ainda é incerta.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirma que a paralisação dos caminhoneiros deve ocorrer em todos os Estados do País. Chorão não soube estimar quantos caminhoneiros estão dispostos a interromper as atividades a partir do dia 1º, mas diz que a adesão é “grande”.
“Já temos apoio de centrais sindicais e devemos ter da população também. Todo mundo está sofrendo com os preços dos combustíveis”, afirmou. Chorão, que foi uma das principais lideranças da greve de 2018, garante que o movimento da próxima semana será semelhante ao de três anos atrás. “É o primeiro ato em que participamos desde lá e nos organizamos para isso.”
A Abrava está à frente do movimento junto com o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). Será a primeira vez que estas entidades estão juntas desde 2018.
A insatisfação crescente com as promessas não cumpridas pelo presidente Jair Bolsonaro se tornou unanimidade na categoria — base eleitoral do presidente — e motivou a unificação da pauta após uma série de cisões. Eles estão em estado de greve desde o dia 16.
Segundo algumas lideranças, as manifestações se acentuaram especialmente na região de portos como o de Santos (SP), o do Rio e do Itajaí. O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) vai aderir à greve. Presidente da entidade, Luciano Santos, estima que os cerca de 2 mil associados do sindicato irão participar do movimento. “Aqui, temos 100% de adesão”, disse Santos.
O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Carga a Granel de Santos, Cubatão e Guarujá (Sindgran), que movimentam basicamente grãos e fertilizantes e reúne 1,15 mil motoristas associados, não emitiu posição oficial sobre a greve, mas irá respeitar o movimento.
Os representantes dos caminhoneiros não descartam uma eventual concessão à greve, caso o governo cumpra às demandas da categoria. “A categoria continua aberta ao diálogo até às 23h59 do dia 31, mas o governo precisa dar alguma resposta concreta. Presidente e ministros tem de tomar alguma posição”, disse Chorão.
Ele não cita, contudo, a possibilidade de uma nova reunião com o Ministério da Infraestrutura, após um encontro marcado para a semana passada ter sido cancelado. “Não vamos perder mais tempo conversando com o ministro Tarcísio, porque ele não resolve. Faz três anos que tem reunião e o ministro não faz entregas à categoria”, afirmou.
Reivindicações
Os principais pedidos são o cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, mudança na política de preço da Petrobras para combustíveis e aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição, entre outros. A pauta completa foi enviada ao Palácio do Planalto e aos ministérios correlatos em ofício pela Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas na semana passada. “Nós queremos o fim do preço de paridade de importação da Petrobras para combustíveis, que atrela os preços ao dólar. Não vamos abrir mão. A adesão à greve aumenta cada vez mais”, pontuou o presidente do CNTRC, Plínio Dias.
Em relação ao congelamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as vendas dos combustíveis pelos governos estaduais, os transportadores avaliam que a medida não atende a sua ampla pauta. “Agora que os governadores reduziram o ICMS, não tem mais quem o governo culpar. O congelamento temporário não vai aliviar muito no preço do diesel e no custo do transporte”, avaliou Chorão. “A medida congela a menor parte do problema”, analisou o diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer.