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Colunistas Entre críticas e esperança: por que muitos brasileiros são contra a COP30?

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COP30 será realizada no mês que vem em Belém (PA). (Fotos: Isabela Castilho/COP30 Brasil Amazônia e Fernando Frazão/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A realização da COP30 em Belém do Pará, em 2025, deveria ser motivo de orgulho para o Brasil. É a primeira vez que uma cidade da Amazônia recebe a principal conferência global sobre mudanças climáticas. No entanto, nem todos enxergam essa conquista com bons olhos. Outdoors com frases contrárias à COP30 surgiram em algumas cidades, expondo um sentimento de resistência que precisa ser entendido e debatido com seriedade.

Mas por que tantos brasileiros são contra a COP30?

A resposta passa por três fatores principais: desinformação, polarização política e medo das mudanças econômicas que vêm com a transição verde.
Em primeiro lugar, há uma grande confusão entre a agenda climática e a agenda política. Por conta do cenário de polarização ideológica que o Brasil vive há anos, qualquer evento apoiado por instituições internacionais ou pelo governo federal tende a ser automaticamente rechaçado por parte da população. Assim, a COP30, que é um espaço técnico, diplomático e científico — e não partidário — acaba sendo confundida com uma extensão de discursos políticos locais.

Em segundo lugar, existe a desinformação sobre o que realmente é discutido em uma COP. Muitos acreditam que a conferência imporá regras ao Brasil, limitará atividades econômicas ou trará “interferência estrangeira” na soberania nacional. Essa visão distorcida ignora que o Brasil é parte ativa da construção dos acordos climáticos e que nossa posição como potência ambiental — com a Amazônia, o Cerrado e fontes limpas de energia — nos dá vantagem nas negociações. Em vez de submissão, a COP30 é uma chance de liderança.

O terceiro ponto é o medo legítimo — embora muitas vezes mal direcionado — de que a nova economia verde ameace setores tradicionais da economia. Agricultores, transportadores e industriais escutam, muitas vezes de forma alarmista, que o mundo vai abandonar os combustíveis fósseis, mudar as regras do jogo e que o Brasil “perderá com isso”. Esse temor é compreensível, mas não se sustenta nos dados.

O que está em curso é uma reconfiguração do modelo econômico global, em que eficiência energética, baixo carbono e inovação sustentável serão os pilares da competitividade. E nesse novo cenário, o Brasil é um dos países mais bem posicionados: mais de 80% de sua matriz elétrica já é renovável; é líder mundial em biocombustíveis; possui riquezas naturais que são vitais para o equilíbrio climático do planeta. Em outras palavras, a transição energética é uma oportunidade — não uma ameaça — para o Brasil assumir seu papel de potência verde global.

É verdade que há desafios. A COP30 precisa deixar um legado real para Belém e para a Amazônia, com investimentos concretos em saneamento, mobilidade, educação e infraestrutura. A participação da sociedade civil, dos povos originários e das comunidades locais será essencial. Mas isso não é motivo para rejeitar o evento. Pelo contrário: é um chamado à ação, à cobrança e à construção coletiva de soluções.

A crítica é legítima e necessária. Mas a negação, baseada em fake news, ressentimento político ou medo do novo, só atrasa o futuro que precisamos construir. O Brasil tem tudo para ser protagonista da transição climática. E a COP30 é o palco em que essa virada pode começar a se concretizar — com oportunidades, empregos verdes e respeito à nossa biodiversidade.

Não se trata de uma conferência de um partido ou de uma ideologia. Trata-se de uma chance histórica de colocar o Brasil no centro da geopolítica climática e econômica mundial. Recusar essa oportunidade é negar o próprio potencial do país.

Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista pela Transição Energética.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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