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Colunistas Escola de tempo integral: o sonho de Brizola e Darcy Ribeiro, em tempos de inteligência artificial

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A educação precisa ser reformulada com a mesma velocidade das mudanças tecnológicas

Foto: Reprodução
A educação precisa ser reformulada com a mesma velocidade das mudanças tecnológicas. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Em tempos em que a inteligência artificial se torna onipresente – moldando o trabalho, o consumo, a comunicação e até a política –, o Brasil se vê diante de uma escolha histórica: preparar ou abandonar suas futuras gerações. E poucas ideias seriam tão atuais e urgentes quanto a proposta de escola pública de tempo integral defendida por dois grandes brasileiros: Leonel Brizola e Darcy Ribeiro.

Brizola não queria apenas mais escolas; queria escolas melhores, com infraestrutura digna, acesso universal e foco na formação integral da criança. Já Darcy Ribeiro, antropólogo e educador, via na escola um espaço não só de ensino, mas de libertação. Juntos, criaram os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) no Rio de Janeiro nos anos 1980, concebidos como verdadeiras “fábricas de cidadãos”, com ensino em tempo integral, alimentação, esporte, cultura e saúde. À época, muitos chamaram o projeto de utópico. Hoje, parece profético.

Com a explosão da inteligência artificial e das tecnologias exponenciais, vivemos uma nova revolução industrial, mas com menos tempo para reagir. A educação precisa ser reformulada com a mesma velocidade das mudanças tecnológicas. E isso não se faz em quatro horas de aula por dia. É necessário um novo pacto educacional baseado em tempo, qualidade e propósito.

A escola como incubadora de talentos tecnológicos

Imagine um Brasil onde crianças de todas as regiões, desde cedo, aprendem robótica, lógica computacional, pensamento crítico, ética digital e programação, sem perder o contato com a arte, a literatura e a cultura brasileira. Isso não é apenas um sonho, é uma necessidade estratégica.

Enquanto países desenvolvidos já investem fortemente em educação tecnológica e inteligência artificial aplicada ao ensino, o Brasil ainda luta para garantir o básico. Mas temos um trunfo: nossa juventude é criativa, adaptável e conectada. O que falta é a estrutura para que essa criatividade floresça – e isso começa pela escola.

Tempo integral: mais que ensino, é proteção e oportunidade

Em comunidades vulneráveis, a escola de tempo integral cumpre papel ainda mais vital. É onde a criança encontra alimentação adequada, segurança, afeto e acesso à cultura e ao futuro. É o antídoto contra o abandono escolar, a evasão, a violência e a desigualdade digital.

Brizola e Darcy entendiam que uma escola que ocupa a criança o dia inteiro é uma escola que disputa seu tempo com o tráfico, com a exploração e com a miséria. Hoje, disputamos também com a desinformação, os algoritmos predatórios e o abismo da exclusão digital.

Um projeto nacional de soberania tecnológica

Se queremos um Brasil protagonista na era da inteligência artificial, o caminho começa pela base: escola pública, gratuita, integral e tecnológica. Não apenas com computadores em sala de aula, mas com professores valorizados, formação continuada, conectividade de qualidade e currículo alinhado às demandas do século XXI.

Darcy Ribeiro dizia que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. Mas cabe a nós reverter esse projeto excludente. A escola de tempo integral é mais do que uma política educacional — é um projeto de país.

Brizola avisou. E Darcy mostrou o caminho. O que falta é coragem política para fazer do Brasil um celeiro de talentos, uma referência mundial em inovação, a partir da escola.

Porque, no fim, quem aposta na educação nunca erra o lado da história.

* Guto Lopes, jornalista da Rede Pampa de Comunicação

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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