Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2025
A decisão de Jair Bolsonaro de “passar o bastão” da candidatura à Presidência da República para o filho, Flávio, que começou nessa sexta-feira (5) a se apresentar como o nome da família para a disputa presidencial, é muito mais uma forma de tirar Michelle Bolsonaro dessa corrida do que propriamente a confirmação de que será mesmo o filho 01 que terá o nome na cédula em outubro de 2026.
Essa é uma avaliação comum a vários aliados do ex-presidente com quem conversei e também o que sugere a movimentação dos últimos dias no clã Bolsonaro. Até entre aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), supostamente o candidato preterido, o movimento de Jair Bolsonaro é visto como uma reação à ofensiva recente de Michelle para assumir o legado político do clã.
“Tudo isso é porque Michelle se mexeu demais”, me disse nesta sexta-feira uma pessoa do entorno do governador paulista.
A atitude da ex-primeira-dama de contestar publicamente a articulação para uma aliança entre o bolsonarismo e Ciro Gomes no Ceará para o governo do estado em 2026, que provocou uma cizânia na direita, foi o marco que antecipou essa decisão.
“Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá. Nós vamos nos levantar e nós vamos trabalhar para eleger o Girão”, disse ela no evento de lançamento da candidatura do senador Eduardo Girão, do Novo.
Em reação, o presidente do PL local, André Fernandes, respondeu dizendo que a aliança tinha sido autorizada pelo próprio Jair Bolsonaro. Flávio foi na mesma linha e ainda chamou a ex-primeira-dama de autoritária.
Dias depois, Flávio visitou o pai na cadeia e saiu botando panos quentes na situação. “ “Falei pra ele (Jair Bolsonaro) que já me resolvi com a Michelle, pedi desculpas a ela, ela também”, afirmou ele.
Em conversas reservadas, os aliados de Bolsonaro já adiantavam que o afago em Michelle seria uma espécie de “compensação” pelo fato de que ela seria avisada pelo próprio Jair de que está fora da raia presidencial.
Além disso, consideravam que o ex-presidente está pressionado pelos filhos, deprimido e precisava apresentar logo um nome (e um fato novo) no cenário político antes que Michelle crescesse demais – já que ela é considerada no PL e entre os filhos como uma personagem “incontrolável”.
Feito esse movimento, agora cabe a Flávio ocupar o espaço que o pai abriu para ele. Se isso vai se converter em uma candidatura presidencial, porém, só o tempo dirá. As informações são do jornal O Globo.