Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 3 de fevereiro de 2016
Para especialistas em infectologia, neurologia e saúde pública, a rapidez com que o zika vírus se disseminou pelas Américas e a explosão do número de casos de microcefalia no Brasil justificam a decisão da OMS (Organização Mundial da Saúde) em decretar emergência internacional. Para ter algum impacto real sobre o problema, no entanto, a medida deverá vir acompanhada de ações práticas, como investimento em pesquisas.
Para Marcelo Masruha, presidente da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil e professor da Universidade Federal de São Paulo, a decisão da OMS é “extremamente acertada”, levando em consideração o impacto social e econômico de milhares de crianças com graves deficiências. “Claro que uma doença com alta letalidade como o ebola assusta muito, mas agora temos uma situação igualmente grave que é um grupo muito grande de crianças com sequelas sérias, que terão de ser acompanhadas pelo restante da vida. Isso afeta a vida da criança e da família”, diz ele.
Porém, para o infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Universidade de São Paulo, o alerta deve impulsionar pesquisas no desenvolvimento de exames eficazes e mais baratos para detectar o vírus e leve ao aprimoramento do sistema de notificação dos países. “Essa explosão de casos mostrou que temos grandes falhas nos critérios diagnósticos e no sistema de notificação”, comentou o infectologista.