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Brasil Especialistas avaliam que a relação entre o Brasil e Argentina esfriou, mas o comércio entre os dois países não deve ser afetado agora

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Bolsonaro e o futuro colega Alberto Fernández têm vários pontos de divergência. (Foto: Reprodução)

Analistas políticos internacionais a troca de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o seu futuro colega argentino Alberto Fernández abriu um conflito sem precedentes na relação entre os dois países desde a retomada oficial da democracia no Brasil, em 1985. Esta é a primeira vez, em décadas, que ambos os líderes têm posições ideológicas antagônicas e, ainda por cima, manifestam tais diferenças. Ainda assim, o comércio com a Argentina, quarto principal destino das exportações brasileiras, não deverá ser afetado em um primeiro momento.

Na última sexta-feira, Bolsonaro afirmou que não participará da posse de Fernández. Do outro lado da fronteira, o chanceler de Mauricio Macri, Jorge Faurie, enviou uma carta ao embaixador brasileiro em Buenos Aires, pedindo “maior prudência”. Faurie reclamou do uso de “expressões inapropriadas” pelo atual governo brasileiro ao se referir ao novo governo argentino.

“Vamos ver turbulências que não se viam há muito tempo”, projeta o sociólogo Ariel Goldstein, autor do livro “Bolsonaro: La Democracia de Brasil en Peligro” (“Bolsonaro: A Democracia do Brasil em Perigo”, na tradução do espanhol). Goldstein também escreveu um livro sobre as relações entre os regimes peronista (Argentina) e Varguista (Brasil).

Ele acredita que as naturezas do esquerdista Fernández e do direitista Bolsonaro são tão “diferentes e conflituosas” na defesa de seus respectivos valores ideológicos que os atritos deverão se manter.

“Alfinetadas”

Desde a campanha eleitoral argentina, Jair Bolsonaro fez diversas declarações contra o candidato peronista. Após a vitória de Fernández, que terá como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, o presidente brasileiro disse que “a Argentina escolheu mal” e que não cumprimentaria o novo chefe da Casa Rosada.

Por outro lado, Fernández se pronunciou mais de uma vez, inclusive depois de eleito, pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem visitou na prisão em uma cela especial na sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR).

Apesar das declarações recentes de Fernández, Goldstein avalia que o confronto não convém ao presidente eleito devido à importância comercial do Brasil para a economia argentina e pelo peso do país para a América Latina. “O custo político de brigar com o Brasil é mais alto para Fernández”, analisa, afirmando que esta deve ser a relação mais conflituosa dos últimos 30 anos.

Apesar da evidência de desavenças, o sociólogo e outros analistas apostam no pragmatismo de ambas as partes, inclusive por pressão dos setores econômicos. Para Thomaz Favaro, diretor para o Cone Sul da consultora Control Risks, as pressões sobre a Argentina têm ainda outro papel: passar o recado de que Bolsonaro está disposto a tomar medidas drásticas se a Argentina optar pelo protecionismo.

“Acho que, num primeiro momento, não deve afetar [o comércio] porque o governo Bolsonaro vai dar o benefício da dúvida e tempo para o Fernández montar sua política comercial, e sentar para negociar algumas vezes. Agora, passado determinado prazo poderia haver algum tipo de impacto na política comercial”, afirma. Ele descarta que o Brasil esteja em vias de deixar o Mercosul por conta da troca de farpas, citando também o setor industrial que seria prejudicado.

Mas para Favaro, provavelmente o Mercosul já não contará com a diplomacia presidencial, que sempre foi importante para destravar impasses, já que no bloco, “o avanço depende do acordo tácito entre os diferentes governos de turno”. Ele ressalva que ainda não se sabe se Fernández será protecionista. E aponta a retórica de Bolsonaro sobre a embaixada de Israel, nunca transferida a Jerusalém, e as acusações à China, onde Bolsonaro realizou uma visita na semana passada, depois de acusar o país de querer “comprar o Brasil”.

“Depois que põe a faixa presidencial, o discurso muda”, diz, ressaltando que na aproximação com os Estados Unidos, a política externa de Bolsonaro foi condizente ao discurso: “Algumas coisas sobrevivem e não dá para saber o que vai sobreviver”, diz.
O ex-embaixador da Argentina no Brasil Juan Pablo Lohlé, diretor do Cepei (Centro de Estudos Políticos Estratégicos Internacionais), também menciona os exemplos da embaixada de Israel e da China como exemplos de quando o pragmatismo imperou sobre as posições pessoais.

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