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Política Especialistas não veem na direita substituto à altura para Bolsonaro

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Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro seriam os possíveis candidatos a líderes do possível vácuo causado pela inelegibilidade do ex-presidente

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Depoimento do ex-presidente está marcado para esta quarta-feira (5). (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Principal responsável pela ampliação e consolidação do contingente da extrema-direita no país, o ex-presidente Jair Bolsonaro não conseguiu até agora formar uma liderança que, na eventualidade de sua inelegibilidade ou até prisão, o substitua como principal beneficiário do voto antipetista.

Analistas e observadores ouvidos pelo Valor citam os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), como figuras com algum potencial para cumprir esse papel. Também mencionam a hipótese de ascensão de alguém do próprio clã de Bolsonaro, como o filho Eduardo, deputado federal (PL-SP), ou a ex-primeira-dama Michelle. Mas todos ainda com muitos quilômetros a percorrer.

Na avaliação do cientista político Leonardo Avritzer, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), todos os personagens citados têm alguma semelhança com Bolsonaro. Mas nenhum tem o conjunto de quesitos mínimos para disputar a Presidência de forma competitiva.

Segundo ele, Tarcísio e Zema podem construir uma relação forte com a elite empresarial. Mas, para ambos, “falta carisma, relação mais direta com os evangélicos, conexão profunda com militares e policiais”, explica. Michelle, evangélica, é vista como alguém capaz de cativar esse eleitorado. Mas aí o problema apontado é o inverso: dificuldade de atrair o eleitorado propenso a votar nos governadores de Minas e São Paulo.

Para ele, será difícil surgir na seara da extrema-direita outro nome como o ex-presidente. “Os elementos que impulsionaram Bolsonaro no período anterior à vitória eleitoral, como a Lava-Jato e o militarismo, estão em baixa agora. Então um próximo nome de extrema-direita terá que mobilizar outros elementos, que ninguém sabe hoje quais poderiam ser.”

Linha proibida

Para o também cientista político Carlos Ranulfo, a direita brasileira “já colocou no radar a necessidade de um novo nome” para substituir Bolsonaro. Mas ainda parece longe de encontrá-lo. Na sua avaliação, o 8 de janeiro pode ter provocado uma segregação definitiva de Bolsonaro com setores da elite: “Tem certas linhas que o sujeito não pode cruzar. Minha impressão é que, para a elite, Bolsonaro cruzou uma dessas linhas proibidas”.

Ranulfo pensa que o descolamento de aliados em relação ao ex-presidente começou ainda no ano passado. “A atitude de Arthur Lira [presidente da Câmara] após a eleição foi a manifestação mais sintomática do isolamento de Bolsonaro com a elite. Ele reconheceu a lisura da eleição e a vitória de Lula de imediato”, lembra.

O fato de Bolsonaro ter se mostrado o que chamou de “líder claudicante, que fugiu para os Estados Unidos”, só piora.

A extrema-direita, segundo Ranulfo, “está agressiva, principalmente na Câmara, mas sem direção”. E Tarcísio e Zema não parecem capazes de seduzir esse público e, portanto, ainda estão muito longe da elevação ao status de “mito”, como ocorreu com Bolsonaro. Já Michelle e Eduardo são vistos por ele como “pura especulação”.

O pesquisador concorda que Bolsonaro se mostrou um cabo eleitoral muito eficiente em 2022. Por todo país, o apoio do ex foi decisivo para a vitória de neófitos em disputas eleitorais, com o próprio Tarcísio, outros governadores e senadores, como Damares Alves (Republicanos-DF), Jorge Seif (PL-SC) e Marcos Pontes (PL-SP).

“Dedaço”

Mas o próprio Bolsonaro era candidato à reeleição e, para parte grande do eleitorado de extrema-direita, o sentido do voto em cada um dos estreantes era dar sustentação a um presidente a ser reconduzido. O “dedaço” de Bolsonaro funcionaria com a mesma eficiência na indicação de um substituto para ele mesmo?

Ranulfo acha difícil. “A eleição de 2022 foi justa, mas não foi limpa. Bolsonaro tentou comprar a eleição com interferência no preço do combustível, ampliação de auxílios, uso descarado da máquina. Mesmo assim não ganhou. Em 2026, seja para Bolsonaro ou para alguém indicado por ele, o bolsonarismo não terá a máquina para usar.”

Presidente do conselho científico do Ipespe, de pesquisas eleitorais, o também cientista político Antônio Lavareda diz já dar como certa a decretação de inelegibilidade de Bolsonaro. Mas isso, segundo ele, nem será o elemento principal da eleição de 2026.

O fator determinante da disputa daqui a quatro anos, diz, será a avaliação do governo Lula. “A chance de qualquer um, com apoio ou sem apoio de Bolsonaro, vai depender de como estará a popularidade de Lula”, explica.

Zema, na sua perspectiva, faz um movimento hoje para cotejar a extrema-direita. Tarcísio de Freitas, que nasceu na política pelas mãos de Bolsonaro, não precisa tanto disso e parece caminhar mais em direção ao centro, diz. Uma amostra disso foi vista na segunda-feira, quando falou de Lula de forma elogiosa e exaltou a parceria com o governo federal no socorro ao litoral norte de São Paulo, castigado pelas chuvas.

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