Terça-feira, 03 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2025
Após o anúncio da federação entre União Brasil e PP, outros grandes partidos de centro iniciaram um processo de aproximação. De olho no poder de barganha para 2026, Republicanos e MDB ensaiam também se federar, enquanto o PSD sinaliza com uma parceria informal com essas duas siglas para chancelar candidatos no próximo pleito. Hoje, essas cinco legendas, responsáveis pela indicação de 11 ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caminham para o apoio a um nome no campo da centro-direita à Presidência.
Logo depois que o acordo entre União e PP foi divulgado, os presidentes do MDB, Baleia Rossi, e do Republicanos, Marcos Pereira, fizeram questão de posar para uma foto juntos, mostrando que desejam fazer o mesmo. Na Câmara, a federação já anunciada conta com 109 deputados federais; se o acordo entre os partidos comandados por Rossi e Pereira também vingar, o grupo somaria 89 parlamentares na Casa.
Ainda que não participe das tratativas para a federação, o PSD de Gilberto Kassab também está incluído nas conversas para uma aliança nacional. Os dirigentes das três legendas têm em comum o fato de serem de São Paulo e estarem juntos na base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio é apontado como possível candidato ao Planalto caso obtenha o aval de seu principal padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, mesmo inelegível, Bolsonaro insiste em se apresentar como postulante.
Embates locais
Apesar da disposição das cúpulas dos partidos, há entraves para a formação da nova aliança. Em Estados populosos, como Rio, Minas e Bahia, as legendas antagonizam nos cenários estaduais.
No Rio, por exemplo, MDB e Republicanos abrigam grupos heterogêneos. Com correntes próximas, fazem oposição ao prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), que é cotado como candidato a governador.
Em Minas, o Republicanos é aliado do governador Romeu Zema (Novo), enquanto o MDB está dividido. Já o PSD abriga o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco, de um grupo diverso.
Na Bahia, o Republicanos é próximo do União Brasil, que faz oposição ao PT no estado. Do outro lado, PSD e MDB são da base do petista.
Além disso, o PSD é visto com desconfiança pela maioria dos dirigentes partidários por conta da postura de Kassab, que tem se movimentado para filiar quadros de outras legendas. O cacique pessedista acumulou rusgas em disputas políticas como a travada pela presidência da Câmara, que fez com que Marcos Pereira cortasse relação com ele. Pereira almejava comandar a Casa, mas culpa Kassab pela falta de unidade que o levou a desistir da candidatura.
Integrantes do MDB e do Republicanos afirmam que sequer procuraram Kassab para incluir o PSD nas conversas sobre a federação A avaliação é que o partido é muito grande, e uma eventual entrada nas tratativas dificultaria vários acordos regionais.
“Conversas iniciais”
Há também divergências internas nas siglas. O MDB tem uma ala no Sudeste e no Sul próxima do bolsonarismo, e outra no Norte e no Nordeste aliada ao petismo. Dos três partidos, a legenda é a que tem o controle mais descentralizado, o que dificulta até que eles cheguem a um acordo entre si para 2026. Enquanto Republicanos e PSD contam com um comando nacional definido, o MDB abriga vários líderes com influência regional e interesses antagônicos.
Baleia Rossi aponta que um martelo ainda pode ser batido, mas que isso só se tornará claro mais perto do processo eleitoral.
“Decisão para 2026 será no início do ano que vem”, frisou o emedebista, reconhecendo que o cenário, hoje, é de indefinição. “Devemos falar apenas mais para frente.”
Já Marcos Pereira avalia que, por conta do tempo exíguo, será “difícil” um acordo para valer nas próximas disputas eleitorais.
“Nós ainda estamos nas conversas iniciais”, declarou o presidente do Republicanos.
Apesar das dificuldades, há uma articulação, principalmente por parte do MDB, para que haja mesmo uma federação. A sigla teme perder relevância por conta do agrupamento entre União e PP e dialoga não só com o Republicanos, mas também com partidos menores, como o PSDB.
“Diante da federação do União com o PP, o mais recomendável era o MDB fazer uma federação com quem se dispusesse a fazer. Desde que guardasse um programa da federação que pudesse unificar, estabelecer propostas e bandeiras. Isso tem que ser trabalhado na política”, analisou o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Mesmo a ala governista do MDB minimiza eventuais discordâncias entre os partidos nas eleições de 2026 e avalia ser possível construir um acordo para liberar cada estado a apoiar quem desejar na disputa presidencial, atendendo assim aos grupos a favor e contra o governo.
Em outra frente, há também um esforço do ex-presidente Michel Temer (MDB) de unir esses partidos de centro e centro-direita e impedir que uma competição entre eles prejudique algumas legendas. Ele já conversou com os principais nomes apontados como pré-candidatos a presidente. As informações são do portal O Globo.