Segunda-feira, 09 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2021
A partir do início de outubro, dois voos semanais sairão dos Estados Unidos em direção ao Brasil, trazendo brasileiros deportados pelas autoridades americanas depois de entrarem irregularmente em território americano. Atualmente, desembarca no país uma aeronave por semana com cidadãos nacionais.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, a PF (Polícia Federal) informou que os EUA pediram que a frequência de voos de deportados para o Brasil fosse triplicada. Ao jornal O Globo, o Itamaraty confirmou que a solicitação foi feita em agosto, mas ressaltou que o governo brasileiro consentiu, “em caráter temporário e condicional”, com o aumento para dois voos semanais.
Um aspecto levado às autoridades americanas é a preocupação com o tratamento dado a esses cidadãos, que deve ser de caráter humanitário. O uso de algemas nos voos é um exemplo de medida que deveria ser revista, segundo o Itamaraty.
“O governo brasileiro acompanhará os desdobramentos, com vistas a assegurar que aos cidadãos brasileiros deportados seja estendido tratamento digno”, destacou o Ministério das Relações Exteriores.
De acordo com o ministério, o aumento da frequência de voos tem por objetivo reduzir o tempo de permanência de brasileiros nos centros de detenção dos EUA, especialmente em um momento de pandemia. O Itamaraty ressaltou que esses brasileiros se encontram detidos, com ordem definitiva de deportação e, portanto, sem perspectiva de recuperarem a liberdade em território americano. Em sua maioria, estão longe de seus parentes.
Somente este ano, 47.484 brasileiros foram detidos tentando entrar nos EUA sem documentos, segundo o Departamento de Segurança Interna daquele país. Um aumento de 400% em relação ao ano passado, quando 9.147 foram presos. Em agosto, 9.231 foram flagrados, mais do que em todo o ano de 2020.
Além disso, ao menos 12 caminhões com imigrantes brasileiros dentro da carroceria foram interceptados desde 2018, de acordo com levantamento feito pelo jornal O Globo. O número pode ser ainda maior, uma vez que nem todos os relatórios do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteira (CBP, sigla em inglês) trazem as informações sobre a nacionalidade dos detidos.
Se a troca de comando na Casa Branca e a reversão de algumas políticas mais draconianas criaram uma expectativa de que o presidente Joe Biden seria mais leniente com a imigração, isso não se provou correto. Desde maio deste ano, os EUA passaram mandar de volta centenas de brasileiros. São pessoas que estão detidas naquele país por estarem em situação irregular, ou que cometeram delitos como porte de drogas e infrações de trânsito.
O governo brasileiro não aceita a inclusão, nos voos, daqueles com possibilidade de revisão de sentença. Também não concorda em receber de volta quem está separado de sua família ou, ainda, que esteja nos EUA desde criança e não sabe nem sequer falar português. As informações são do jornal O Globo.