Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de abril de 2022
Dois estudos publicados pela revista The Lancet Infectious Diseases trazem respostas a uma pergunta que mobiliza cientistas há meses: o que oferece a maior proteção, a contaminação por covid-19 ou a vacina?
As novas pesquisas apontam para a importância da vacinação, mesmo após uma infecção pela covid-19. Ambas ressaltam que a imunização reforça a proteção adquirida por uma contaminação.
O primeiro trabalho se baseia em dados de mais de 200 mil pacientes brasileiros contaminados pela covid-19. Desta amostra, uma parte dos indivíduos não estava vacinada. Já o outro grupo foi imunizado com as vacinas da Pfizer/BioNTech, AstraZeneca, Sinovac ou Johnson&Johnson/Janssen.
“Essas quatro vacinas fornecem uma proteção a mais para as pessoas já infectadas pela covid-19”, afirma um dos autores do estudo, o infectologista brasileiro Julio Croda.
Segundo o trabalho que codirigiu, entre as pessoas que se infectaram com a covid-19 e foram vacinadas, o risco de hospitalização e morte foi reduzido em 90% com os imunizantes da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca, cerca de 80% com a Sinovac, e um pouco mais de 50% com a vacina da Johnson&Johnson/Janssen.
O outro estudo, realizado a partir de dados colhidos na Suécia, vai na mesma direção. O trabalho mostra que pessoas que se contaminaram com a covid-19 mantêm uma imunidade elevada durante cerca de 20 meses. No entanto, o risco de reinfecção baixa ainda mais – cerca de dois terços – caso os indivíduos tenham sido vacinados depois da primeira infecção.
Embora esses estudos tenham sido realizados antes da expansão da variante ômicron e da subvariante BA.2 – mais contagiosas e resistentes às vacinas – a comunidade científica considera que eles trazem pistas importantes sobre o combate à doença. “A imunidade híbrida, adquirida após a exposição a uma infecção e à vacinação, pode dar uma proteção durável”, avalia o pesquisador indiano Pramod Kumar.
Reinfecções continuam aumentando na França
Os dois estudos publicados na The Lancet Infectious Diseases não avaliam, no entanto, o comportamento da subvariante BA.2, majoritára atualmente na França. A Agência Pública de Saúde do país informou, nesta sexta-feira, que a frequência das reinfecções vem aumentando desde dezembro de 2021. Atualmente, o fenômeno representa 5,4% dos novos casos de covid-19 na França.
As autoridades sanitárias francesas consideram como reinfecção duas contaminações comprovadas por testes positivos dentro de um período de 60 dias ou mais. Segundo a agência, a média do intervalo entre dois episódios seguidos de covid-19 no país é de 242 dias, em média.
Entre março de 2021 e março de 2022, 685.858 casos de reinfecção foram identificados na França. Entre esses, 95,2% foram registrados desde o último dia 6 de dezembro, que marca o início da propagação da variante ômicron no país.
“Parece que a atenuação da resposta imunitária pós-infecciosa ou depois da vacinação tem um papel neste claro aumento da frequência de casos possíveis de reinfecções, especialmente entre as pessoas que não receberam a dose de reforço da vacina”, afirma o comunicado da Agência Pública de Saúde da França. “É muito provável que a forte propagação da variante ômicron, que se caracteriza por uma transmissibilidade maior, amplifique esse fenômeno”, reitera o documento.
Vários estudos vêm evocando a possibilidade de uma reinfecção pela BA.2 após uma contaminação pela ômicron até mesmo dentro de um período curto, inferior a 60 dias. No entanto, as autoridades sanitárias sublinham que, por enquanto, esse fenômeno é considerado raro e diz respeito a apenas 1% dos novos casos.