Quarta-feira, 24 de setembro de 2025

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Colunistas Etapa vencida

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Foto: Ton Molina/STF

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Com a condenação de Bolsonaro e seus cúmplices na aventura golpista vira-se uma página triste da nossa história recente.

Como escrevi em outro espaço, é preciso ter um cérebro baldio para acreditar que não houve o golpe, ou ao menos a tentativa. Dizem certos juristas que ninguém deve ser condenado pelo conjunto da obra, senão por delitos bem definidos, atos categóricos e fatos concretos. Em termos.

No caso, como o objetivo final não se consumou, como se trata de tentativa, então o que mais conta é exatamente o conjunto da obra. Não se faz a tentativa de um crime dessa envergadura – abolição violenta do Estado de Direito e Golpe de Estado – senão através de uma sucessão de atos, um conjunto de delitos, coerentes entre si, apontando para o mesmo fim e objetivo.

O governo de Bolsonaro se transformou no cenário ideal para a trama golpista. Os governos podem usar todo o seu formidável aparato, a portentosa máquina pública, as manhas e artimanhas do poder, para o bem e para o mal, para aprimorar a democracia, e até extingui-la.

Qual sentido pode ter uma política de estado em favor do armamento da população? Aquilo de dizer que era para que o homem comum pudesse se defender era uma conversa barata e fiada. Aquela política só poderia resultar em mais violência, e no apoderamento de uma facção. Só poderia dar no fortalecimento da índole das milícias, da bancada da bala.

A campanha anti vacinas era totalmente despropositada. Uma hipótese: junto com a paranoia (de que a vacina faz mal), a ideia de desmobilizar as instituições de saúde pública, como o SUS, que seriam um espaço de domínio e controle da esquerda.

Da mesma batida, foram incontáveis as medidas do governo Bolsonaro, em todas as áreas, para militarizar as estruturas de poder, e para afrouxar controles sociais, mecanismos de participação da sociedade, conselhos que descentralizam e democratizam as decisões, no melhor espírito da Constituição de 1988.

A bandeira mais ostensiva do golpismo, no interior do governo, e através dos seus porta-vozes, – Bolsonaro à frente – foi a campanha sistemática de lançar suspeita nas urnas eletrônicas. Uma insanidade, uma contradição (o voto era confiável quando elegia os seus), uma teoria de conspiração levada ao seu paroxismo, sem eira nem beira, que não fosse a repetição maçante do mantra da fraude. Ela tinha um objetivo: se eles, das esquerdas, das oposições ganhassem, a fraude já fora exaustivamente exposta, e antes mesmo que acontecesse. É incrível, mas funcionou para as hordas golpistas que aparentemente acreditavam no delírio.

Daí para os acampamentos golpistas foi um passo. Daí para grandes concentrações pedindo a intervenção militar, a convulsão de 8 de janeiro de 2023, que transformou a Praça dos Três Poderes em Brasília, numa batalha campal, foi um passo.

O governo, o presidente e seus comparsas, foram dobrando a aposta da permanência no poder a qualquer preço, mesmo depois da derrota de 2022, numa escalada sem recuo e sem volta. E dessa maneira, quase sucumbimos em um novo período de regime ditatorial e militar. Que é onde estaríamos agora se a trama sinistra desse certo.

(titoguarniere@terra.com.br)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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