Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2020
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ao Painel, da Folha de S.Paulo, que não comentaria o diálogo divulgado pela CNN Brasil nesta quinta-feira (9) entre o ministro Onyx Lorenxoni (Cidadania) e o deputado Osmar Terra (MDB-RS).
“Eu só trabalho, trabalho, trabalho”, afirmou, dizendo não ter visto a notícia sobre a conversa e perguntando do que se tratava.
Em seguida, ao ser informado de que o diálogo era de críticas a ele, apenas disse “deixa eles”.
O ministro afirmou que estava cuidando dos mapas do avanço do coronavírus no Brasil e preparando o boletim para a entrevista que estava marcada para as 17h. Sua participação na coletiva, no entanto, foi cancelada, como a dos demais ministros.
Na conversa divulgada pela CNN Brasil, Onyx e Terra discutem sobre a substituição do ministro da Saúde.
Cotado para o lugar de Mandetta, o deputado se tornou uma referência entre bolsonaristas por defender o fim do isolamento social, que, segundo ele, só aumenta o número de casos de coronavírus.
Onyx: “Eu acho que esse contraponto que tu tá fazendo…”
Terra: “É complicado mexer no governo por que ele tá…”
Onyx: “Ele (Mandetta) não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo.”
Terra: “E ele (Mandetta) se acha.”
Onyx: “Eu acho que (Bolsonaro) deveria ter arcado (com as consequências de uma demissão)…”
Terra: “O ideal era o Mandetta se adaptar ao discurso do Bolsonaro.”
Onyx: “Uma coisa como o discurso da quarentena permite tudo. Se eu estivesse na cadeira (de Bolsonaro)… O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele…”
Terra: “Você viu a fala dele depois?”
Onyx: “Ali para mim foi a pá de cal. Eu já não falo com ele (Mandetta) há dois meses. Aí acho que é xadrez. Se ele sai vai acabar indo para a secretaria do Doria [João Doria, governador de São Paulo].”
Terra: “Eu ajudo, Onyx. E não precisa ser eu o ministro, tem mais gente que pode ser.”
Onyx é do DEM, mesmo partido de Mandetta. Ele começou o governo como ministro da Casa Civil, mas neste ano acabou sendo deslocado para a Cidadania. É, porém, um dos aliados mais fiéis do presidente. Foi ele que desde o início se entusiasmou com o projeto político de Bolsonaro.
Em 2018, promoveu reuniões com parlamentares para coletar apoios ao então candidato. Onyx é muito próximo aos filhos do presidente, o senador Flávio, o deputado federal Eduardo e Carlos, vereador pelo Rio de Janeiro. Também é próximo ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. É próximo, portanto, ao que se chama “ala ideológica” do governo, um núcleo que nos últimos meses foi perdendo espaço para os militares, mas que manteve grande influência com o presidente e com sua militância nas redes sociais.
Já Terra é deputado federal pelo MDB. Deixou o ministério da Cidadania após algumas queixas do Palácio do Planalto, mas principalmente para que Bolsonaro pudesse abrigar Onyx, a quem tem uma grande dívida por ter sido um dos primeiros a acreditar e a se empenhar no seu projeto presidencial.
Ambos têm um projeto político conjunto no Rio Grande do Sul. A ideia predominante é que Terra seja o candidato ao governo gaúcho em 2022.