Sábado, 07 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de junho de 2025
Um evento organizado pelo PL Mulher, setor do partido comandado por Michelle Bolsonaro, teve acenos à possível candidatura da ex-primeira-dama à Presidência em 2026 e silêncio sobre Carla Zambelli, deputada federal mais votada da sigla na eleição mais recente e alvo de um mandado de prisão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Zambelli se afastou da cúpula da legenda desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a culpá-la pela derrota na eleição presidencial passada.
A cerimônia de abertura do evento contou com discursos de Michelle, do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Nenhum deles fez menção a Zambelli, que teve 946 mil votos para deputada federal, o maior resultado de uma candidatura feminina do partido em 2022.
Outras figuras da legenda foram citadas nos discursos, como a vereadora Priscila Costa, vice-presidente do PL Mulher, a prefeita de Aracaju, Emília Correia, a senadora Eudócia Caldas (AL), que era suplente até o ano passado e assumiu a vaga na Casa Legislativa com a saída de Rodrigo Cunha (Podemos-AL) para ser vice-prefeito de Maceió.
Zambelli teve a prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Ela está na Itália e hoje se encontra foragida da Justiça. Ao sair do Brasil, a parlamentar pediu um afastamento da Câmara por 127 dias e em seu lugar está Coronel Tadeu (PL-SP).
Em maio, a deputada foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF a dez anos de prisão por seu envolvimento em invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Um recurso está em julgamento na Corte nesta sexta-feira, e já há maioria para manter a condenação.
O encontro também contou com acenos tímidos para a possibilidade de Michelle Bolsonaro ser candidata a presidente. Ela tem figurado como uma das alternativas caso o partido não consiga reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, que está proibido de disputar eleições até 2030 por ataques ao sistema eleitoral.
O nome dela, no entanto, não é unanimidade no partido e a possibilidade de ela se candidatar não foi mencionada por Bolsonaro e nem por Valdemar durante o evento. Coube ao deputado Altineu Cortes, vice-presidente da Câmara, fazer o aceno à ex-primeira-dama.
“Se Deus quiser vamos conquistar a Presidência da República. Michelle, Deus tem muito para sua vida.”
Michelle não comentou a fala de Altineu, mas, antes disso, ao discursar, procurou dar um tom de campanha ao falar que “uma multidão de mulheres sábias edificam a nação”.
“Presidente Valdemar, muito obrigada por esse espaço, por confiar em nós. Obrigada porque o senhor sempre nos deu essa autonomia, nos incentivou a inspirar e incentivar mulheres a entrar na política. O PL Mulher tem trabalhado para incentivar a participação das mulheres de bem na política. Uma mulher sábia edifica sua casa, mas uma multidão de mulheres sábias edificam uma nação.”
Por sua vez, Bolsonaro evitou falar sobre a disputa pela Presidência em seu discurso e demonstrou que para ele os cargos no Senado são mais prioritários até do que voltar para o Palácio do Planalto.
“Com a maioria do Senado nós fazemos o presidente da Casa, nós decidimos se vai ser aprovada uma sabatina para o Supremo, as agências vão ser ocupadas por pessoas qualificadas. Nós, ouso dizer, mandaremos mais que o próprio presidente da República.”
Ele também comentou sobre o depoimento que vai prestar ao STF na semana que vem no âmbito do julgamento que investiga uma trama golpista contra o resultado da eleição presidencial de 2022, da qual o ex-presidente é suspeito de ser o principal líder.
“O que aconteceu em 2022 com certeza será falado por mim quando, ao vivo, estiver no Supremo, os cinco ministros na minha frente me cobrando. Vale a pena assistir.” (Com informações do jornal O Globo)