Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2025
Bruno Bianco respondeu que a eleição foi feita de forma “transparente”.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO ex-advogado-geral da União Bruno Bianco confirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (29), que o ex-presidente Jair Bolsonaro o procurou para saber da possibilidade de reverter o resultado eleitoral que consagrou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto.
Segundo Bianco, Bolsonaro, ao lado de comandantes das Forças Armadas e do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, perguntou se tinha visto algum problema jurídico no resultado e se o advogado-geral da União vislumbrava algo que poderia ser questionado.
Bianco respondeu que a eleição foi feita de forma “transparente”.
“Eu disse que não. Disse que tem uma comissão funcionando, que foi transparente”, disse. O ex-advogado-geral não soube informar com precisão, mas disse achar que todos os comandantes das três Forças Armadas estiveram presentes nesse encontro.
Ele é testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.
A existência dessa reunião foi questionada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Esse encontro teria ocorrido depois do final de outubro, quando Lula venceu com 50,9% dos votos válidos ante 49,1% de Bolsonaro no segundo turno.
Poucas horas após esse resultado, caminhoneiros fecharam rodovias pelo Brasil, não reconhecendo a derrota eleitoral do então incumbente. As manifestações ganharam volume e levaram aos acampamentos na frente de quartéis militares, especialmente o Quartel-General do Exército, em Brasília.
No dia 8 de janeiro de 2023, manifestantes marcharam dessa unidade na capital federal em direção à Praça dos Três Poderes e vandalizaram os prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.
Nesta quinta-feira, a defesa de Torres planejou ouvir ex-ministros do governo Bolsonaro. É o terceiro dia consecutivo que o STF ouve os depoimentos das testemunhas do ex-chefe da pasta da Justiça.
Além de Bruno Bianco, prestaram depoimento Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia, e Wagner Rosário, ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU).
Sachsida disse que a desconfiança em relação às urnas eletrônicas durante reunião ministerial no governo Jair Bolsonaro, em julho de 2022, não chamou a sua atenção.
Rosário apenas foi questionado pelo advogado de Torres, Rafael Viana, sobre a reunião ministerial de julho de 2022. Para ele, não houve discussão sobre ruptura institucional naquele encontro.
“Não tivemos discussão sobre isso. Todas as discussões passavam por problemas nas urnas eletrônicas, para que passassem por um aprimoramento para que tivéssemos um resultado que fosse fidedigno”, disse.
Também foram convocados o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, o ex-ministro da Secretaria de Governo Célio Faria e o procurador federal Adler Anaximandro Cruz e Alves. A defesa de Torres, contudo, desistiu do depoimento dos três. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.