Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2017
Em depoimento à PF (Polícia Federal), o ex-assessor parlamentar Job Ribeiro Brandão contou que, com frequência, recebia dinheiro-vivo do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), atualmente preso. A entrega ocorria na casa da mãe do político. Digitais de Job, que trabalhava para o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, estavam no “bunker” do ex-ministro em Salvador onde foram encontrados R$ 51 milhões.
No depoimento, prestado no dia 19 de outubro, Job – que está em prisão domiciliar – contou que havia duas formas pelas quais recebia as quantias em espécie. Uma delas era na casa da mãe de Geddel. Isso passou a ocorrer com mais frequência a partir de 2010. Ele reiterou não ter recebido dinheiro de Lúcio nessas circunstâncias e que nem sabe a origem ou o destino dos valores.
De acordo com o termo de depoimento, “o dinheiro era apresentado, em regra, em envelopes pardos e as somas giravam em torno de R$ 50 mil a R$ 100 mil”. Além disso, a contagem era feita, via-de-regra, em uma sala uma reservada que funcionava como “gabinete” e “o dinheiro vinha solto ou mesmo novo e com fitas”.
Ele também contou receber dinheiro em um posto de gasolina em Salvador, no bairro Stella Maris, fechado já há mais de um ano para reforma. Nesse caso, “os valores contabilizados giravam em torno de R$ 10 mil a R$ 15 mil”.
Às vezes, era ele quem buscava, em outras ocasiões era um motorista e houve uma oportunidade em que a tarefa foi desempenhada por integrantes da própria família de Geddel. “O dinheiro era depositado em conta vinculada ao próprio posto no banco Bradesco”, detalhou Job.
Negativa
Apesar das suas digitais no dinheiro, Job disse não ter conhecimento da existência do edifício onde fica o apartamento onde foram achados os R$ 51 milhões, nem quem levou os valores para lá. Ele afirmou, ainda, que desde os 21 anos trabalha para a família Vieira Lima (hoje ele tem 49).
O trabalho começou com Afrísio, pai de Geddel. Depois, passou a assessorar o próprio Geddel e, por fim, Lúcio. Segundo o termo de depoimento, “em suas atividades como assessor o declarante costuma atuar na residência dos políticos, em Salvador, não tendo atuado nos gabinetes em Brasília”.
Na semana passada, o ministro Luiz Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), reduziu o valor da fiança de Job de 100 para 50 salários-mínimos. Ele chegou a dizer não ter condições financeiras para arcar com esse valor e pediu que não fosse obrigado a desembolsar nenhum centavo, ou, ao menos, que a quantia fosse estipulada em 3,3 salários mínimos.
No entanto, de acordo com um parecer da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ele tinha remuneração líquida mensal de R$ 14.334,28 como assessor parlamentar. Assim, ela sugere que ele venha ocultando patrimônio.