Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 19 de novembro de 2018
O presidente da montadora japonesa Nissan, Carlos Ghosn, que é brasileiro, foi preso no Japão nesta segunda-feira (19), segundo a imprensa local. Ele também é ex-presidente da montadora e atualmente preside a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Em meio a notícias de que o executivo estaria prestes a ser preso, a Nissan divulgou nota com esclarecimentos sobre o caso. A montadora afirmou que pretende retirar Ghosn do cargo que ocupa como presidente do conselho de administração, afirmando que ele “declarou durante anos renda inferior ao valor real”, de acordo com os resultados de uma investigação interna.
“Além disso, se tratando de Ghosn, numerosos outros atos de conduta errônea foram descobertos, como uso pessoal dos ativos da companhia. A Nissan está fornecendo informação aos promotores públicos do Japão e está cooperando com as investigações”, disse a nota da empresa.
Brasileiro, natural de Porto Velho (RO), Ghosn foi presidente da montadora japonesa entre 2001 e 2017. Ele deixou o cargo no ano passado para cuidar das parcerias com Renault e Mitsubishi, montadora que foi adquirida após passar por escândalos de fraude e na qual ele era membro do conselho.
Apesar disso permaneceu como presidente do conselho na Nissan. Um raro executivo estrangeiro no topo da carreira no Japão, Ghosn é bem visto por ter tirado a Nissan da beira da falência.
Segundo o jornal japonês Asahi informou em seu site, Ghosn, que também é executivo-chefe da Renault na França, é suspeito de ter subestimado sua própria receita nas demonstrações financeiras e concordou em falar voluntariamente com os promotores. A emissora pública NHK informou que Ghosn está sendo interrogado por suspeita de violações financeiras.
Um porta-voz da Nissan disse que a empresa estava checando a reportagem. Porta-vozes da Renault e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi não retornaram os pedidos de comentário.
O Ministério Público do Distrito de Tóquio se recusou a comentar. As ações da Renault caíam acentuadamente em Paris, com recuo de 5,5%, e se situavam entre os papéis com pior desempenho na Europa.
Acusações
De acordo com as agências de notícias japonesas Kyodo e Jiji, Ghosn não declarou mais de 5 bilhões de ienes (o equivalente a equivale a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento como presidente na montadora.
As fraudes fiscais ocorreram durante 5 anos, entre 2010 e 2015, de acordo com a agência Kyodo. Nesse período, segundo a agência Jiji, o executivo recebeu quase 10 bilhões de ienes (R$ 334 milhões).
O salário anual de Ghosn foi de 1,1 bilhão de ienes entre 2016 e 2017 (R$ 36,8 milhões), de acordo com relatórios financeiros da Nissan.
A montadora afirmou em nota que, baseada em denúncias, já estava conduzindo uma auditoria interna e investigando há meses os problemas de conduta envolvendo Ghosn e outro diretor da empresa, Greg Kelly. A montadora também afirmou que Ghosn teria usado bens da empresa para fins pessoais.
Autoridades dizem que o executivo pode ter violado o Ato de Instrumentos Financeiros e Trocas do Japão;
Ele pode ter que pagar 10 milhões de ienes (R$ 334 mil) em multa e cumprir até 10 anos de prisão, se for julgado culpado.