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Por Redação O Sul | 25 de junho de 2015
Um dos políticos investigados no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de envolvimento com a corrupção na Petrobras, o ex-deputado Carlos Magno Ramos (PP-RO) alegou em depoimento à PF (Polícia Federal) que “perdeu parte da memória” depois de uma encefalopatia provocada por hepatite C. A Corte abriu inquéritos para investigar diversos políticos citados em delações premiadas da Operação Lava-Jato, que apura um esquema de corrupção na petroleira estatal. Os casos estão sob a relatoria do ministro Teori Zavascki.
Magno disse por telefone que, apesar dos problemas de saúde, tem certeza de que não conheceu o doleiro Alberto Youssef, tido como importante operador das ilicitudes, e um dos principais delatores do caso, nem foi beneficiado por recursos desviados através do esquema na Petrobras.
Em depoimento prestado em fevereiro, como parte de seu acordo de delação premiada, Youssef afirmou que Magno foi um dos beneficiados com o conluio na petroleira ao receber 150 mil reais para aquisição de vacinas destinadas ao seu tratamento de saúde. E que o ex-parlamentar “recebia também valores mensalmente”.
Magno contou que contraiu hepatite há mais de 15 anos e que, após tomar posse como deputado, em 2011, passou a ter crises frequentes, só amenizadas com medicamentos muito caros. Todo o tratamento, de acordo com o ex-parlamentar, foi bancado pela Câmara. Ele disse que tomou empréstimos em bancos, usou o dinheiro na aquisição de vacinas e remédios e depois foi ressarcido pelo Congresso.
No depoimento, o ex-deputado disse ter contraído um total de 11 empréstimos bancários entre 2011 e 2015, no valor total de 840 mil reais, e que ainda deve um total de 350 mil reais aos bancos. Depois apresentou à Câmara 35 pedidos de ressarcimento.
Magno foi confrontado pela PF ao falar de seu patrimônio em Rondônia. Ele disse que possui uma casa e um sítio em Ouro Preto do Oeste, no interior do Estado, o primeiro registrado em seu nome e o segundo no de sua mulher, e outros quatro terrenos, em nome da esposa. Além disso, declarou possuir uma propriedade rural em nome da mulher e cabeças de gado, que eram cerca de 300 em 2014, em nome da esposa “ou de sua mãe”.
A PF observou que Magno não declarou nenhum desses imóveis ao fazer o registro de sua candidatura a vice-governador de Rondônia, no ano passado. O ex-deputado alegou que foi uma decisão “de seu contador Oziel”, cujo nome completo ele disse não recordar. À Justiça Eleitoral, Magno declarou manter 680 mil reais em seu sítio, em espécie. Disse que “necessitava e gostava de ter recursos em espécie”.
O PP de Magno, nas palavras do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, montou uma “estrutura criminosa estável e perene” no esquema na Petrobras. Os envolvidos atuavam de forma organizada e recebiam mensalmente propina por intermédio de Youssef. Segundo as apurações da Lava-Jato, a bancada na Câmara levava entre 1,2 milhão e 1,5 milhão de reais todos os meses, enquanto os líderes, responsáveis pela distribuição, embolsavam de 250 mil a 500 mil reais mensais.
Outros casos
Outros deputados e senadores tiveram que explicar à PF sua decisão de guardar dinheiro em casa e atribuíram a evolução de seus patrimônios à ajuda de filhos e economias do salário que recebem da Câmara.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), por exemplo, disse que “eventualmente recebe doações em dinheiro procedentes de seus filhos”, “ambos empresários”, ao justificar a decisão de manter 545 mil reais “em seu poder”, conforme declaração à Justiça Eleitoral em 2010. O dinheiro guardado é cerca de 89% do total do patrimônio declarado pelo senador naquele ano. (Folhapress)