Quinta-feira, 11 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de março de 2017
Dois executivos da Odebrecht prestaram depoimento nesta quinta-feira (02) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e falaram de um esquema de caixa dois para abastecer a campanha de 2014. O tribunal investiga o abuso de poder econômico na chapa Dilma-Temer. E um dos executivo falou também de doações a pedido de Aécio Neves.
As testemunhas entraram pela garagem e os advogados chegaram em silêncio para os depoimentos realizados a portas fechadas. As instalações do Tribunal Regional Federal, no Rio, foram cedidas para a audiência do Tribunal Superior Eleitoral.
Benedicto Barbosa da Silva Junior e Fernando Reis foram ouvidos como testemunhas no processo que tramita no TSE, a pedido do PSDB, para apurar suposto abuso de poder político e econômico da chapa Dilma-Temer, na eleição de 2014. O ministro do TSE, Herman Benjamin, conduziu os depoimentos, que duraram cerca de três horas.
De acordo com advogados, eles confirmaram ao ministro informações contidas nos acordos de delação premiada feitos com a operação Lava-Jato. Primeiro falou Benedicto Junior, que era presidente da Odebrecht Infraestrutura e foi preso temporariamente em fevereiro do ano passado, na 23ª fase da Lava-Jato, e depois liberado pela Justiça. Para os investigadores, ele era a pessoa que Marcelo Odebrecht acionava para tratar de compromissos políticos.
A Polícia Federal encontrou na casa dele planilhas que mostravam doações feitas pela Odebrecht a mais de 200 políticos de 24 partidos. Benedito Junior disse que ficou definido em reunião com Marcelo Odebrecht e os executivos da companhia que o grupo ia contribuir com R$ 200 milhões para todas as campanhas em 2014 – inclusive a presidencial. Era o valor limite que a Odebrecht tinha para dar em contribuições.
Dos 200 milhões, segundo Benedito, 120 milhões de reais foram por dentro, em doações oficiais; 40 milhões via cervejaria Itaipava – o que eles chamam de doação por terceiros –, e 40 milhões foram por fora. Benedito falou que não sabe quanto foi para a campanha presidencial e que não tinha todo o controle para quem foi destinado o dinheiro. Mas que os R$ 200 milhões foram efetivamente pagos.
Benedito Junior disse também que o então candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves, pediu doações em 2014 e que a Odebretch pagou R$ 9 milhões por meio de caixa dois. R$ 6 milhões foram para apoiar três candidatos: Antonio Anastasia, que disputou o Senado pelo PSDB, Pimenta da Veiga, candidato tucano ao governo de Minas Gerais, e Dimas Fabiano Toledo, então candidato do PP à Câmara dos Deputados. Os outros R$ 3 milhões foram pagos a Paulo Vasconcellos, o marqueteiro da campanha de Aécio.
Em nota, o PSDB informou que “o senador Aécio Neves solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei”. A nota diz também que “o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais”.
O TSE também ouviu Fernando Reis, alvo de mandado de condução coercitiva na 26ª fase da Lava Jato, em março do ano passado. Ele era presidente da Odebrecht Ambiental. Segundo a Polícia Federal, foi citado em troca de mensagens sobre a entrega de valores em espécie.
Os advogados de Dilma e Temer alegaram sigilo do processo para não revelar detalhes dos depoimentos e negaram irregularidades na arrecadação da campanha eleitoral. “Não houve nenhuma propina na campanha de Dilma e Temer e, principalmente, vinda da Odebrecht. Tudo aquilo que for trazido ao processo e for falso e errado, nós vamos apontar”, diz Flávio Caetano, advogado de Dilma Roussef. (AG)