Mundo Ex-jogador que planejou atentado terrorista com Osama Bin Laden luta contra a prisão perpétua
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2016
02Do Campeonato Alemão para o Afeganistão. Dos estádios para encontros com Osama Bin Laden. Dos jogos de futebol para a prisão. Esse foi o caminho percorrido por Nizar Trabelsi, tunisiano que se tornou jogador profissional, encerrou a carreira após um caso de doping e hoje carrega uma sentença de prisão perpétua por planejar um ataque terrorista. Seu caso virou uma disputa entre tribunais e seu futuro está em aberto, mas o passado mostra uma transformação radical.
Trabelsi nasceu na Tunísia e ainda jovem chegou às seleções de base do país, chamando a atenção de times europeus. Foi contratado no fim dos anos pelo Standard Liege, da Bélgica. Uma temporada na Europa bastou para conseguir uma transferência para o Fortuna Düsseldorf, time da primeira divisão alemã.
O começo de uma carreira de sucesso logo se transformou no começo de sua derrocada. De acordo com depoimentos posteriores, Trabelsi disse que enfrentou muitas dificuldades de adaptação na Alemanha. Passou a andar com más companhias e logo deixou a elite alemã. O tunisiano passou a atuar por times menores até ser flagrado em um controle antidoping. Terminava em 1994 sua carreira como jogador.
Entre problemas com álcool e drogas, Trabelsi alega que conheceu um belga que o apresentou a recrutadores da Al-Qaeda, organização terrorista fundada e então comandada por Osama Bin Laden. Ele, inclusive, conheceu o famoso terrorista no Afeganistão. Bin Laden pediu para que o chamasse de “papai” e se colocou à disposição para ajudá-lo em qualquer situação, contou Trabelsi em julgamento.
Em 13 de setembro de 2001, dois dias depois dos ataques terroristas contra os Estados Unidos, o tunisiano foi preso sob acusação de planejar ação contra uma base militar belga usada pelos americanos. Trabelsi admitiu ter participado do processo e, em 2003, foi condenado a dez anos de prisão na Bélgica.
Em 2013, no entanto, os Estados Unidos conseguiram a extradição de Trabelsi e o condenaram à prisão perpétua, sob acusação de que o ex-jogador teria planejado um atentado contra cidadãos americanos fora do país (os que trabalhavam na base belga). A defesa de Trabelsi apelou à Corte Europeia de Direitos Humanos, que considerou irregular a extradição.
Trabelsi, agora, é alvo de uma batalha judicial entre europeus e norte-americanos. A corte europeia alega que o tunisiano deveria ter o direito de saber, desde o início da pena, como e quando poderia ter a liberdade condicional, algo não concedido pelos americanos. A decisão sobre o caso ainda é desconhecida. E o ex-jogador continua preso nos Estados Unidos por culpa de sua atividade terrorista.
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