Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2025
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, não conseguiu chegar a tempo da cerimônia de entrega do Nobel da Paz na quarta-feira (10), mas horas depois, finalmente, chegou a Oslo, na Noruega, para a festa preparada para a laureada do ano. Proibida de sair da Venezuela há uma década e procurada pelo regime de Nicolás Maduro, ela vive desde 2024 na clandestinidade e sua presença na celebração era uma incógnita até o último minuto. Em entrevista à emissora britânica BBC nessa sexta-feira (12), o organizador da viagem contou o périplo que foi transportar María Corina até a capital norueguesa.
O líder da chamada “Operação Dinamite Dourada”, referência ao fato de que Alfred Nobel inventou a dinamite, foi Bryan Stern, ex-militar das forças especiais dos Estados Unidos e fundador da Grey Bull Rescue Foundation, uma organização composta somente por veteranos. A viagem, segundo ele, envolveu duas embarcações, disfarces para driblar identificação biométrica e ondas de até três metros durante a travessia do oceano. Tudo foi financiado, frisou, por doadores privados, e não pelo governo americano.
Stern contou à BBC que tudo começou com o traslado de Machado por terra de uma casa onde ela estava escondida até o ponto de embarque. De lá, ela seguiu em um pequeno barco até uma segunda embarcação, maior, já em mar aberto, onde o ex-militar a encontrou. Segundo ele, o trajeto ocorreu em “escuridão total”, com chuva forte, frio e comunicação feita por lanternas.
O resgate enfrentou mares “muito agitados”, com ondas de até 3 metros, condição que, segundo Stern, acabou ajudando a reduzir o risco de detecção.
Depois de chegar à costa, Machado foi levada até o avião que a transportou para a Noruega. Parte dos venezuelanos que ajudaram no esquema, afirmou ele, trabalhou sem sequer saber o objetivo da operação.
O ex-militar afirmou que a Grey Bull vinha planejando ações semelhantes no Caribe havia meses, com presença na Venezuela e na ilha de Aruba, para possíveis evacuações em caso de escalada da crise no país. Ele disse ainda que não poderia revelar todos os detalhes do trajeto por segurança, mas mencionou medidas para esconder o rosto de Machado, reduzir seu “perfil digital” e evitar rastreamento telefônico. “A ameaça biométrica é muito real”, afirmou.
A líder opositora vive escondida desde julho do ano passado, quando ocorreram as eleições presidenciais na Venezuela, cujos resultados oficiais, que deram vitória a Maduro, foram amplamente contestados. Ela não aparecia em público desde janeiro.
María Corina pousou em Oslo pouco antes da meia-noite de quarta-feira, horário limite para receber o Nobel da Paz. Seus filhos, que não encontrava havia dois anos, estavam na capital norueguesa para recepcioná-la.
Apesar de aconselhar que Machado não retorne à Venezuela devido ao risco para sua vida, Stern disse acreditar que ela acabará voltando. “Ela é uma heroína para o seu povo”, afirmou ele. As informações são da revista Veja.