Segunda-feira, 26 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2025
O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo afirmou ter sido alvo de uma tentativa de intimidação por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante audiência realizada na sexta-feira (23) no âmbito da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Aldo depôs como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, que é réu no processo por, segundo a Procuradoria-Geral da República, ter aderido ao plano de Jair Bolsonaro para anular o resultado das eleições
“O que houve ali foi uma tentativa de intimidação de testemunha. O juiz pode não considerar o depoimento, mas pressionar uma testemunha, não”, afirmou.
Ele também disse que não se sentiu ameaçado, mas acredita que Moraes deve um pedido de desculpas. “Talvez ele não quisesse fazer isso na hora, mas pode fazer depois. É o que espero que venha a acontecer.”
Ameaça de prisão
O ex-ministro foi repreendido por Moraes depois de ser questionado sobre uma declaração atribuída a um militar de que Garnier teria colocado as tropas da Marinha à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro para um eventual golpe de Estado.
Segundo Rebelo, a suposta fala de Garnier teria sido “força de expressão” e não poderia ser levada a sério. “É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente”, comentou.
Na sequência, Moraes perguntou se Rebelo estava presente na reunião em que Garnier teria feito a afirmação. Rebelo negou, e então o ministro do STF disse que já que não estava presente, ele não poderia avaliar a língua portuguesa do almirante. “Atenha-se aos fatos”, completou.
Rebelo respondeu a Moraes que “a minha apreciação da língua portuguesa é minha, e eu não admito censura na minha apreciação”.
Na sequência, ele foi advertido pelo ministro, que disse que Rebelo precisava se comportar, ou seria preso por desacato. O momento tenso continuou, e Rebelo disse estar se comportando e questionou se o ministro iria permitir que ele continuasse o raciocínio.
Moraes, então, ressaltou que a testemunha precisava se ater aos fatos, sem fazer juízo de valor. “Tem toda a liberdade para fazer a resposta fática”, completou.
Vídeo com críticas
Rebelo publicou em redes sociais um vídeo em que critica o Supremo horas depois de prestar depoimento à corte e ser ameaçado de prisão por desacato pelo ministro Alexandre de Moraes. “Nós não temos mais Constituição no Brasil. Nós temos, na verdade, 11 constituições ambulantes”, afirma.
Ao longo do vídeo, retirado de uma entrevista concedida no passado, o ex-ministro diz que, ao longo do tempo, “o Supremo foi, naturalmente, tomando gosto por arbitrar as disputas dentro do Legislativo”.
Rebelo criticou também o fato de os ministros do STF serem escolhidos pelo presidente da República. “Eu acho que isso gera uma insegurança jurídica completa para todo mundo, para os indivíduos, para as empresas, para o próprio Congresso. Alimenta o crocodilo e será devorado por outro”, completa.