Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de março de 2019
A força-tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba denunciou à Justiça o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o empresário Wilson Quintella Filho por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de propinas pagas pelo Estaleiro Rio Tietê, Estre Ambiental e Pollydutos Montagem, empresas controladas pelo Grupo Estre. Machado, que se tornou delator, permaneceu no cargo entre 2003 e 2014 e afirmou ter intermediado pagamentos de mais de R$ 100 milhões a políticos do PMDB, hoje MDB. Ele confessou ter recebido cerca de R$ 2 milhões, por ano, em “sobras” de dinheiro destinado aos políticos e R$ 70 milhões em contas no exterior. As informações são do jornal O Globo.
Quintella controlou o Grupo Estre entre 2008 e 2014. Segundo a denúncia, ele pagou R$ 21 milhões em propina em contratos fechados com a Transpetro, subsidiária da Petrobras. Segundo o colaborador da Lava-Jato, os contratos embutiam percentual de propina entre 1% e 3% – 3% na área de serviços e entre 1% e 1,5% no setor de navios.
Além da Estre, Machado confessou ter intermediado propinas de mais 13 empresas, como Queiroz Galvão, Irodotos Navigacion, Devaran, UTC e GDK. As propinas, segundo ele, faziam com que políticos do PMDB. A informação sobre a propina paga pela Estre foi dada por Machado num depoimento complementar, ocorrido em 28 de fevereiro passado. Quintella também confirmou o pagamento de valores a Machado. Disse que o presidente da Transpetro lhe afirmava que “necessitava de apoio financeiro de um seleto grupo de pessoas de sua confiança”.
As propinas eram negociadas na própria sede da Transpetro e os valores eram estabelecidos para um período entre dois e três meses. Quintella, que permaneceu até março de 2018 no conselho administrativo da Estre Ambiental, esteve 99 vezes na sede da estatal entre 2008 e 2014. Em depoimento, ele afirma ter negociado sozinho as vantagens indevidas. O empresário detinha 41,54% de participação societária na empresa.
Também foram denunciados pelo MPF Antonio Kanji Hoshikawa e Elio Bergemann, diretores do Grupo Estre, e o advogado Mauro de Morais, acusado de atuar como operador financeiro no esquema.
O escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados argumentou que prestou serviços de consultoria ao Grupo Estre, mas que não existem relatórios ou comprovantes dos trabalhos executados, “uma vez que as consultas jurídicas eram realizadas entre a Sociedade de Advogados e o representante legal da empresa Estre Ambiental via contatos telefônicos e participação em reuniões”.
Sérgio Machado afirmou, porém, ter enviado emissários para retirar dinheiro em espécie no escritório do advogado, em São Paulo, cerca de 30 vezes – em cada uma delas a quantia variava de R$ 150 mil a R$ 300 mil, totalizando cerca de R$ 7 milhões.