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Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2017
O Ministério do Interior do Iêmen, controlado por rebeldes houthis, anunciou a morte do ex-presidente Ali Abdullah Saleh em sua tentativa de deixar a capital do país, Sanaa. Aliados de Saleh e o partido oficial do Iêmen confirmaram a informação, de acordo com as agências internacionais.
A casa de Saleh em Sanaa havia sido alvo de um ataque mais cedo, mas os relatos sobre o local de sua morte divergem. Vídeos que supostamente mostram seu corpo enrolado em um cobertor sendo carregado por pessoas a céu aberto foram publicados em redes sociais, mas a autenticidade dos registros não foi confirmada.
Saleh, que abandonou a presidência do país em 2012, foi aliado dos houthis durante três anos na guerra civil iemenita, contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita. O ex-presidente havia rompido oficialmente com o grupo no último sábado (2). No sexto dia de combate urbano pesado na capital, os houthis, alinhados com o Irã, ganharam espaço na disputa com os apoiadores do ex-presidente.
A coalizão saudita realizou novos bombardeios aéreos contra Sanaa. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 125 pessoas morreram e 238 ficaram feridas nos conflitos da capital nos últimos dias.
Ali Abdullah Saleh, foi presidente do Iêmen do Norte (como era reconhecida a República Árabe do Iêmen) de 1978 até a unificação com o Sul, em 1990. Ele permaneceu no comando do país ao longo de duas décadas. Durante o período, o líder se notabilizou por um estilo maquiavélico de comando, com a formação de alianças de ocasião, inclusive com antigos oponentes.
Atentado e renúncia
Em 2011, durante a Primavera Árabe, os protestos contra seu governo cresceram, e Saleh chegou a ser alvo de um ataque a bomba que matou diversos de seus guarda-costas e o deixou ferido. Ele deixaria oficialmente a Presidência, em fevereiro de 2012, para seu vice e então aliado, Abdrabbuh Mansur Hadi – com o qual romperia.
Com um governo fraco, insurgentes houthis, em sua maioria xiitas, tomaram a capital em 2015 com o apoio de Saleh, um antigo adversário. Hadi conseguiu fugir e estabeleceu-se em Aden, no sul do país. Em 26 de março, nove países liderados pela Arábia Saudita lançaram a operação aérea chamada “Tempestade decisiva” para frear o avanço dos rebeldes houthis em apoio a Hadi.
Em 17 de julho daquele ano, o governo anunciou a libertação da província de Adén, o primeiro êxito das forças estatais apoiadas pela coalizão árabe conduzida pelos sauditas. Até meados de agosto, as forças governamentais reconquistaram cinco províncias no Sul do país, mas enfrentaram dificuldades para garantir sua segurança diante da presença da al-Qaeda e do Estado Islâmico.
Em outubro, as tropas do governo retomaram o controle do estreito de Bab al-Mandeb, por onde transita boa parte do tráfego marítimo global. No entanto, as ofensivas lanças contra Sanaa não tiveram sucesso.
Desde a intervenção saudita, que apoia Hadi, mais de 8.000 pessoas foram mortas em combates, incluindo milhares de civis, segundo a Organização das Nações Unidas. Os bombardeios aéreos são alvo de críticas de diversas organizações internacionais.
O conflito, somado a um bloqueio imposto pelos sauditas, tem causado uma das maiores emergências humanitárias do mundo, incluindo um surto de cólera que pode ter matado 2.000 pessoas.