Domingo, 27 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2024
Um dos participantes da reunião golpista realizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em julho de 2022 seguia em alto cargo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até sexta-feira (16). O procurador federal Adler Anaximandro Alves, ex-vice da Advocacia-Geral da União (AGU) em 2022, ocupava na gestão petista uma função comissionada no órgão que lhe atribuía um pagamento extra de R$ 6.784,14 por mês. Após o caso vir à tona, o órgão exonerou o servidor da função.
Anaximandro Alves, que na época era secretário-geral de Consultoria da AGU, foi um dos integrantes da reunião, em que estava presente também o titular, Bruno Bianco —que deixou a AGU e hoje está na iniciativa privada. Ele alega que sua participação na reunião de 05 de julho ocorreu por ter recebido uma “convocação formal e oficial” no sistema corporativo da AGU para que acompanhasse o chefe da instituição na reunião ministerial com o então presidente da República.
Na gestão de Lula, ele era chefe da Coordenação-Geral de Planejamento e Gestão Estratégica, do Departamento de Gestão e Cálculos. Foi designado para a função pelo atual advogado-geral da União, Jorge Messias, em janeiro de 2023. Em junho, o procurador também foi escolhido como substituto para a direção de Gestão e Cálculo. Se ele fosse convocado a assumir o cargo, ganharia uma remuneração extra de R$ 8.909,69.
O órgão abriu uma apuração preliminar sobre o caso e exonerou Anaximandro das funções que rendem pagamentos extras. “Durante a instrução preliminar o referido procurador terá a oportunidade de prestar os esclarecimentos que considerar necessários”, diz nota divulgada pela AGU. A exoneração ainda precisa ser publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Dispensa de diplomata
O Palácio do Planalto dispensou um diplomata que trabalhava na Secretaria de Comunicação Social (Secom) após identificar que ele também esteve na reunião ministerial de 5 de julho de 2022. Comarci Eduardo Moreaux Nunes Filho era um dos três servidores do Ministério das Relações Exteriores presentes na ocasião. À época, ele era assessor técnico da Secretaria-Geral da pasta e acompanhava Fernando Simas Magalhães, titular da Secretaria-Geral e representante do então chanceler Carlos França no encontro. Também estava na reunião o embaixador André Chermont de Lima, que ocupava a chefia do cerimonial da Presidência.
Com a dispensa, o diplomata deve retornar ao setor de imprensa do Itamaraty. Os outros diplomatas que estavam na reunião seguem em suas atribuições no ministério. Simas Magalhães é embaixador do Brasil em Haia, nos Países Baixos, e Chermont de Lima foi designado como cônsul-geral do País em Tóquio, no Japão.
Entenda o caso
No último dia 8, Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito. Bolsonaro é um dos alvos.
Ocorrida em um contexto de forte ofensiva do ex-presidente contra a lisura das urnas eletrônicas, a reunião da cúpula do governo contou com a presença, entre outros, do então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, do então ministro da Justiça, Anderson Torres, e do então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira.