Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de junho de 2022
Os militares que buscam pelo indigenista Bruno Pereira, servidor da Funai, e pelo jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal britânico “The Guardian”, usam lanchas Guardian e voadeiras para facilitar o deslocamento em rios com muitas pedras no fundo. A maior parte das buscas se concentram nos rios Jovari, afluente do Solimões, e no Itaquaí, que fica perto do município de Atalaia do Norte. Nas primeiras fotos liberadas sobre a operação pelo Exército, nesta terça-feira (7), militares com roupa camuflada faziam manobras em busca de pistas que levassem ao paradeiro dos dois desaparecidos.
Na segunda-feira (6), as buscas não foram bem-sucedidas. A equipe da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari, formada por três servidores da Funai e por dois agentes da Força Nacional, voltou para a base por volta das 18h, avisando que só retomaria a operação nesta terça de manhã (7). Eles tentam localizar o barco em que Bruno e Dom Phillips estariam. Eles faziam a travessia na embarcação entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e o município de Atalaia do Norte. A dupla não é vista desde a manhã de domingo. O desaparecimento completou 48 horas nesta terça.
Por nota, na noite de segunda-feira, a Marinha também disse ter enviado uma equipe de buscas às 11h40min para Atalaia do Norte. De acordo com a força, sete militares, com auxílio de uma lancha, percorreram a região para tentar encontrar os dois desaparecidos.
A União das Organizações Indígenas do Vale do Javari junto a Defensoria Pública da União ajuizaram uma ação junto a Justiça Federal para que a União reforce as buscas pelos dois.
Segundo o documento, ao longo do primeiro dia em que o desaparecimento da dupla foi notificado não foram feitas buscas por helicópteros. A área em que Phillips e Pereira foram vistos pela última vez contempla mais de 8 milhões de hectares.
“O desaparecimento de Bruno e do Jornalista Inglês Dom Philips revela a gravidade da situação de completa omissão das autoridades competentes na defesa dos povos indígenas e fornecimento de condições seguras de trabalho para os agentes que atuam na fiscalização daquele território e dos próprios povos indígenas da região”, diz a petição.
A ação pede para que o uso de helicópteros, das Forças Armadas ou das forças de segurança, seja viabilizado à Polícia Federal. O documento ainda para que as buscas sejam ampliadas e mas barcos utilizados.
O Comando Militar da Amazônia e a Marinha do Brasil mobilizaram nesta terça-feira, dia 7, dois helicópteros para reforçar as buscas. O envio de aeronaves pelo Ministério da Defesa para reforçar as buscas era um dos principais apelos de amigos e familiares dos desaparecidos, já que o deslocamento em grande parte da região de selva se faz apenas em barco ou por via aérea, forma mais eficaz para realizar uma varredura e mais rápida.
Entidades indígenas também emitiram uma nota sobre o desaparecimento de Phillips e Pereira. O documento, assinado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, criticou o que classificou como omissão dos órgãos federais nas buscas.
O documento das entidades critica também a ausência de helicópteros no primeiro dia de buscas pelos desparecidos. Ainda de acordo com as entidades indígenas, a Marinha do Brasil ainda não havia iniciados as buscas pela dupla na segunda-feira e a Polícia Federal contava com apenas um agente na região.
O texto chama atenção ainda para a crescente violência na área em que Phillips e Pereira desapareceram ao citar a morte a tiros do funcionário da Funai Maxciel Pereira dos Santos, em 2019.
“É urgente uma intervenção do Governo Brasileiro para uma efetiva busca e salvamento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips”, diz o documento assinado pelas quatro entidades. As informações são dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.