Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de setembro de 2016
Explosões de raiva, entusiasmo excessivo, instabilidade no humor, ciúme descontrolado. Todo mundo conhece esses sentimentos, mas quando alguém os apresenta de forma frequente pode significar mais do que uma personalidade “estourada”: são sintomas de um dos tipos de transtornos de personalidade, o borderline. Na novela “Haja Coração”, da TV Globo, a personagem de Cléo Pires, Tamara, já sinalizou viver o problema. Embora a trama não tenha explicitado seu tipo de transtorno, especialistas afirmam que a piloto tem características de uma “border”.
“Essas pessoas são constantemente inconstantes. Quando seu desejo é negado, têm uma reação emocional desproporcional”, observa o psiquiatra Rodrigo Pessanha, que diferencia esse transtorno do bipolar: “O bipolar passa períodos longos deprimido ou excitado demais, já o borderline tem essas variações ‘do nada’”, explica.
Mal que afeta mais as mulheres.
O especialista destaca que o transtorno costuma atingir mais mulheres do que homens e de 0,5 a 1% da população estaria diagnosticada – o problema é que esse dado é subnotificado: “Em um grau moderado, ela pode não ter o transtorno diagnosticado e ser tida apenas como temperamental”, afirma Rodrigo. Ele ainda expõe que os problemas afetam não só o paciente como as pessoas ao redor: “O borderline tem tendência a dependência química e pode ter atitudes irresponsáveis, como arruinar as finanças dos familiares”.
Geralmente, os transtornos de personalidade são diagnosticados nas fases mais tardias da adolescência e na vida adulta. “O especialista faz uma avaliação mental e analisa a história médica e a gravidade dos sintomas do paciente”, esclarece a neurologista Vanessa Muller. “Já existem alguns estudos com análise do cérebro através de ressonância magnética funcional, mas os resultados ainda são preliminares.”
Nem todas as manifestações de descontrole emocional, porém, devem ser confundidas com transtornos de personalidade. “Por exemplo, na adolescência a impulsividade pode estar aumentada, o que é comum nesta fase do desenvolvimento. O transtorno de personalidade é constante em todas as fases do desenvolvimento pessoal”, alerta o psicanalista Bernardo Miodownik.
Tratamento.
O tratamento pode ser feito com medicamentos que agem nos sintomas alvo (como antidepressivos e ansiolíticos) e com terapia comportamental, por exemplo. Para Pessanha, a família também deve buscar um aconselhamento profissional, para não se tornar “refém” do problema. “É importante ensinar a melhor maneira de lidar, de acordo com o caso, pois não pode nem ceder demais, nem ficar brigando todo dia por qualquer coisa”, frisa. (AD)