Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de dezembro de 2019
No embate contra disseminação de notícias falsas e robôs na internet nas eleições municipais do ano que vem, as principais redes e plataformas de internet — Facebook, Google, Twitter, WhatsApp e YouTube — investem em mecanismos de checagem de informações, em cartilha e educação para usuários e, recentemente, fecharam acordos e treinamentos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Justiça Eleitoral aprovou, na semana passada, punição a partidos ou candidatos que disseminarem conteúdo falso.
Manipulações de vídeos, quando o rosto de um candidato aparece falando algo que não disse, os deepfakes, são o novo alvo de preocupação. Tanto empresas quanto especialistas reconhecem, porém, que o cenário eleitoral pode trazer desafios ainda não previstos, uma aposta também compartilhada por especialistas.
A tecnologia usada nos deepfakes ainda é um entrave. Várias plataformas lançaram desafios públicos para treinar seus sistemas a identificar imagens falsas. Para isso, precisam construir uma base de dados de deepfakes, que ainda não é ampla o suficiente no país para “ensinar” máquinas a reconhecê-los. Quando a máquina identifica uma imagem, cria uma espécie de DNA dela. Toda vez que alguém tenta subir essa imagem, ela é removida.
“Estamos comprometidos em desenvolver as melhores práticas de inteligência artificial para reduzir o potencial de danos e abusos”, diz o YouTube em relação aos vídeos falsos. A plataforma apresentou recentemente dois recursos para evitar a desinformação: avisos que mostram se conteúdos exibidos como resultados de algumas pesquisas são verdadeiros, falsos ou parcialmente verdadeiros, e informações sobre a origem do financiamento de canais. As checagens no YouTube são fornecidas por agências aprovadas pela plataforma.
“Não é simples prever o que se destacará. De 2017 para 2018, todo mundo estava preocupado com o Facebook, que foi a grande questão nas eleições de Donald Trump nos Estados Unidos. Mas, nas eleições do ano passado no Brasil, o grande tema acabou sendo o WhatsApp”, lembra Francisco Brito Cruz, diretor do centro de pesquisa em direito e tecnologia InternetLab.
Rumores virais
Para ele, 2020 terá uma eleição bem diferente da de 2018, com demandas variadas:
“O número de candidatos está na casa de centenas de milhares. Cidades pequenas, grandes, do Norte, do Sul, terão questões muito distintas. E não há mão de obra para acompanhar de perto 5,5 mil disputas.”
As plataformas afirmam que vão aumentar os investimentos em iniciativas como checagem de fatos, treinamentos e cursos de educação digital.
Em outubro, Google, Facebook, WhatsApp e Twitter aderiram ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Na prática, as plataformas se comprometeram a desenvolver mais ações que combatam a proliferação de informações falsas e a aprimorar as ferramentas de verificação de desinformação para 2020.
Conteúdos que podem enganar eleitores, além de perfis impostores que incentivam determinada posição política, também deram trabalho ao Facebook ano passado e continuam como desafio para 2020. A plataforma não tem política específica para notícias falsas: recebe ordens judiciais para remover conteúdos específicos e as cumpre. Muitas vezes, também, quem compartilha esse tipo de conteúdo viola outras políticas da plataforma, como contas falsas e discursos de ódio, e o conteúdo é removido. O Facebook deve lançar uma função em que posts considerados falsos pela parceria com agências de checagem fiquem com a imagem embaçada.
“Temos feito investimentos para identificar melhor novas ameaças e vulnerabilidades, removendo contas falsas e conteúdos que violam nossas políticas”, diz um porta-voz do Facebook. “Temos trabalhado para priorizar o jornalismo profissional na plataforma e para dar mais contexto às pessoas sobre os conteúdos.”
Já o WhatsApp afirma que o foco é reduzir os rumores virais, limitando o encaminhamento de mensagens. A plataforma mudou configurações de privacidade para grupos e adicionou um ícone de seta dupla para identificar mensagens encaminhadas frequentemente, como uma corrente de mensagens.
“No mês passado, enviamos ao TSE uma proposta que inclui a proibição expressa de mensagens em massa e outras práticas proibidas pelo WhatsApp e outras empresas de tecnologia em seus termos de serviço”, afirmou a companhia, em nota. Em 2018, 400 mil contas foram banidas no combate à desinformação.