Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2019
Passado um mês do “dia do fogo”, que marcou o início do aumento das queimadas na floresta amazônica, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez a primeira autocrítica em relação à crise ambiental que afetou a imagem do país no exterior.
Ele considerou que o governo federal falhou na comunicação e avaliou que o alinhamento entre as gestões municipais, estaduais e federal no combate ao desmatamento deve melhorar.
Na semana que vem, o ministro viajará à Europa. Ele diz que buscará apoio financeiro para a preservação da floresta amazônica e que está aberto a dialogar com todos, inclusive com os governos da Alemanha e da França, criticados pelo presidente Jair Bolsonaro.
Segundo ele, o superintendente regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) no Pará, Evandro Cunha dos Santos, demitido na terça-feira (10), fez uma afirmação “que não é verdadeira” em um evento onde não “tinha que estar presente”. Em audiência pública, na segunda-feira (09), ele havia dito que recebeu ordem para interromper a queima de veículos que são flagrados pela fiscalização do órgão federal cometendo crimes ambientais na Amazônia.
Comunicação
“Nós temos de comunicar melhor. [Repassar] informações à sociedade para [que a sociedade] entenda a evolução dos dados, deixando todos em um nível de conhecimento que permita um entendimento da questão. Acho que isso é algo importante a ser melhorado. Nós falhamos na comunicação. Esse é o ponto mais importante. A comunicação das ações, daquilo que estava sendo feito e tudo mais. A comunicação podia ser melhor e, agora, vai ter de ser melhor. Isso é algo que a gente precisa reconhecer, é um fato. E, daqui para a frente, se dedicar mais”, disse Salles.
Alinhamento
“O trabalho de combate ao desmatamento e às queimadas, que são questões correlacionadas, depende muito de uma cooperação entre os entes federativos: municipal, estadual e federal. E essa coordenação tem de melhorar. Os estados, por sua vez, têm de ter um papel mais ativo nisso. Os Estados sofreram com questões orçamentárias e governos novos, e isso criou essa ausência de alinhamento. Poderia ter um alinhamento melhor. A partir de agora, com essas reuniões que tivemos, isso tende a ser algo que flua melhor”, afirmou o ministro.
Queima de veículos
“Essa ordem [de interromper a queima de veículos flagrados em fiscalização] não partiu de ninguém. Não existiu essa ordem. A atitude dele [superintendente regional do Ibama no Pará] foi inaceitável. Primeiro, porque fez uma afirmação que não é verdadeira, dizendo que havia essa ordem. E fez essa afirmação em um evento que ele não tinha nem que estar presente”, disse Salles.