Segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2025
Na pequena cidade de Lanjaron, no Sul da Espanha, a vida segue tranquila entre montanhas, fontes termais e ruas estreitas de aparência medieval. Mas um detalhe faz o município se destacar entre tantas vilas da região da Andaluzia: desde 1999, morrer ali nos fins de semana é “proibido” por lei municipal.
O decreto, criado pelo então prefeito José Rubio, pode parecer piada, e, de certo modo, é. Mas surgiu como resposta a um problema real: o cemitério local estava superlotado, e não havia espaço disponível para novos sepultamentos. Enquanto a prefeitura procurava terreno para um novo campo-santo, Rubio decidiu transformar o impasse em uma medida simbólica e bem-humorada.
O texto oficial recomendava que os cerca de 4.000 moradores da época “cuidassem da saúde” com o máximo zelo, para que não morressem até que o município resolvesse a situação”. Mais que um aviso, o decreto cravava: “Fica proibido morrer em Lanjaron.”
A medida ganhou repercussão na imprensa internacional e foi recebida com bom humor pelos moradores. Segundo o próprio prefeito disse na época ao Deseret News, “todos encararam o decreto com senso de humor e muita vontade de obedecer”.
Não se sabe ao certo se o novo cemitério chegou a ser construído, mas o episódio marcou Lanjaron como uma das cidades com as regras mais curiosas da Espanha.
Conhecida por suas fontes naturais de água mineral, especialmente a da Fonte Salud, engarrafada e vendida há séculos, Lanjaron também atrai visitantes por seus banhos termais e pela proximidade com a serra da Sierra Nevada.
A cidade faz parte de um grupo seleto de localidades que usaram a legislação como forma de protesto criativo. Em 2008, por exemplo, o vilarejo francês de Sarpourenx também “baniu a morte”. Lá, o prefeito Gérard Lalanne publicou um decreto determinando que ninguém poderia morrer em seu território sem antes possuir vaga no cemitério, que também enfrentava superlotação. A ordem incluía uma ameaça de “punição severa” para os infratores, o que, claro, soou como uma brincadeira irônica.