Mundo Fazendeiro grego passa trator por tendas de refugiados em sua terra

Policiais gregos falam com Lazaros Oulis, fazendeiro e dono de terra em que refugiados estão acampados na fronteira com a Macedônia (Foto: AP Photo/Darko Vojinovic)

Um fazendeiro de um vilarejo da Grécia que tem servido como campo de refugiados na fronteira com a Macedônia se irritou com a presença de famílias imigrantes em suas terras e decidiu, nesta quinta-feira (31), passar um trator por cima de suas tendas.

Há quase um mês a fronteira da Grécia com a Macedônia está fechada e deixa bloqueados milhares de refugiados e imigrantes, cuja viagem desesperada pelo continente faz com que a Europa trabalhe para encontrar uma solução à maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

Lazaros Oulis, fazendeiro de Idomeni, disse que cedeu parte de sua terra para o abrigo de imigrantes, mas que precisa dela para cultivar alimento a seu gado.

Lazaros Oulis é visto em trator ao lado de tendas de refugiados em sua fazendo em Idomeni, na Grécia (Foto: AP Photo/Darko Vojinovic)

“Preciso arar a minha terra. Não é a terra de outras pessoas, é minha! Tenho um negócio com entre 70 e 80 bezerros, quero produzir (comida para eles), alimentá-los, porque, financeiramente, não consigo mais aguentar isso”, disse Lazaros Oulis depois de policiais o impedirem de continuar a dirigir seu trator por cima das tendas.

“Eu disse a algumas ONGs daqui que daria alguns acres para que eles pudessem montar duas tendas grandes e eu pudesse salvar o resto da minha terra, ninguém prestou atenção em mim”, disse. “Não tenho problema com as famílias (de refugiados), nenhum problema. Eu poderia estar no lugar deles. Mas eu também tenho obrigações”.

Alguns dos refugiados observaram que Oulis tinha criado uma cantina no acampamento que foi fechada depois que outras cantinas surgiram com preços melhores. Ainda assim, eles mostraram compreensão por sua queixa. “Ele está certo, porque é a sua terra”, disse o sírio de 32 anos Reshal Hamdo. “Não sabemos o que vamos fazer, este não é o nosso país, não é a nossa terra”.

Enquanto centenas de imigrantes foram levados em ônibus para outros campos de refugiados, mais organizados e criados pelas autoridades gregas, alguns insistem em continuar perto da fronteira, na esperança de que a Europa ceda e reabra as passagens.

A decisão de fechar a fronteira que dá acesso à rota dos Balcãs deixa mais de 51 mil pessoas presas na Grécia. (AG)

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